Enviada em: 06/08/2019

No ano de 1992, o movimento dos caras-pintadas, protagonizado majoritariamente por jovens, foi essencial para a deposição do então presidente Fernando Collor, o que evidencia o importante papel desse segmento para transformações no Brasil. No entanto, no contexto atual, o comodismo tecnológico e a insatisfatória atuação de políticos apresentam-se como obstáculos para o maior engajamento juvenil nos dilemas do país. Logo, urgem ações dos agentes adequados com o escopo de modificar essa adversa conjuntura.       Inicialmente, destaca-se a ideia do filósofo Byung-Chul Han de que o homem moderno tecla em vez de agir. Tal máxima expressa a passividade e o comodismo que muitos jovens assumem ao receberem informações na Internet. Nessa perspectiva, verifica-se o desestímulo familiar e escolar em direcionar e fomentar o ativismo social dos adolescentes para além das redes sociais, espaços virtuais que se ressignificaram como ambiente de troca de conhecimento e de organização de manifestações, por exemplo. Por conseguinte, além do insuficiente envolvimento juvenil, observa-se o enfraquecimento da memória histórica de participação desse grupo, inclusive, em movimentos como dos caras-pintadas.       Outrossim, ressalta-se o termo "instituição zumbi", do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Consoante esse pensador, as instituições sociais na pós-modernidade existem, mas perderam a sua função efetiva. De modo análogo, percebe-se que o Estado, personificado nos deputados e senadores, perde o objetivo de zelo pela democracia e pelo respeito à Constituição, na medida em que são recorrentes os casos de corrupção no país. Com isso, é notório o sentimento de não representatividade e de descrédito dos jovens para com a política nacional, fato que desestimula a participação desses nas questões sociais relevantes.       Destarte, é essencial alterar o cenário de impasses e destacar a importância dos adolescentes na política do país. Para tanto, é impreterível que a escola e a família, respectivamente, por meio de aulas interdisciplinares e de debates frequentes, incentivem o empoderamento dos jovens na questão política não só nos ambientes virtuais, mas também em ações materializadas, como participação em manifestações sociais, a fim de continuar o legado de luta dos caras-pintadas e de reverter a ideia de comodismo de Han. Ainda, é imprescindível que ONGs realizem palestras sobre a necessidade dos jovens como agentes transformadores do contexto político nacional, com o escopo de minimizar a ideia de corrupção e de descaso com a democracia introduzido no país.