Enviada em: 24/07/2019

O jeitinho cordial enraizado no Brasil      Em sua obra “Raízes do Brasil" o sociólogo brasileiro, Sérgio Buarque de Holanda, desqualifica o brasileiro como “homem cordial" – a figura brasileira na sua essência é egoísta, contudo, camuflada por uma falsa cordialidade em sua esfera pública. Desse modo, ainda na atualidade, é ponto de debate como “jeitinho brasileiro" é nocivo em diversos âmbitos, bem como ele é mascarado pela própria sociedade.      A princípio, é fato que a corrupção atinge o Brasil à várias décadas e nos mais diferentes âmbitos. Acerca disso, torna-se ponto pacífico rememorar a história do país tropical: que sofreu exploração desde sua colônia, pela Coroa lusíada, e perpassa por problemas no que tange à corrupção até os tempos contemporâneos – como o caso do mensalão, noticiado por vários veículos de imprensa que revelaram diversos desvios de verbas para contas particulares de políticos. Desse modo, o “jeitinho” brasileiro, nasceu junto com a nação, e persiste de forma recorrente, por centenas de anos.      Nessa conjuntura, reconhece-se que essa persistência está enraizada na sociedade brasileira porque o ato de prevalecer o benefício próprio em detrimento do coletivo já é visto como algo rotineiro. Diante disso, a socióloga pós-moderna, Hanna Arendt reverbera sobre o que ela denomina “banalidade do mal", ou seja, uma atitude má é repetida tantas vezes que acaba se tornando praxe, e até mesmo esquecida pela grande parcela da população. Logo, não há como se esperar que o “jeitinho” seja coibido, pois, assim como no livro de Holanda, os maus hábitos continuam a ser mascarados por sua cotidianidade.      Destarte, é mister que medidas sejam tomadas para resolver esse impasse. Para tanto, faz-se necessário que o Ministério da Educação incentive os discentes, nas aulas de Sociologia, a coibirem a corrupção tanto de maneira externa – como na política – tanto de maneira intrínseca. Essa ação, poderia ser executada por meio de cartilhas baseadas no livro “Raízes do Brasil" que, adaptado, renderia, além de conhecimento acadêmico, uma mudança de diretrizes éticas já na raiz da sociedade e, portanto, culminaria em um “jeitinho” que preserve boas práticas como um verdadeiro costume brasileiro.