Enviada em: 13/09/2019

Em "o que é o Brasil ?", ensaio escrito em 2006, o antropólogo Roberto da Matta discorre sobre a identidade da pátria brasileira, considerando os aspectos mais populares e, claro, um tema recorrentemente debatido não ficou de fora: o famoso "jeitinho brasileiro". Embora a expressão esteja também relacionada à capacidade de o povo tupiniquim se adaptar às situações mais inesperadas, é o aspecto negativo que se sobressai, já que muitos indivíduos buscam obter vantagens transgredindo regras.   Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. Nessa lógica, é notável que o poder público não cumpre seu papel enquanto agente fornecedor de normas de conduta, uma vez que não proporciona exemplos de ética à população. A lamentável situação de descrédito à qual passam os órgãos governamentais é percebida pelo exorbitante aumento de casos de corrupção envolvendo membros desses governos. Assim, a falta de medidas punitivas e o envolvimento de líderes de estado em atos desonestos faz com que a população também se sinta no direito de agir da mesma forma, perpetuando, assim, as mazelas dessa problemática que crescem cada dia mais dentro do Brasil.   Além disso, é relevante entender, ainda, como a persistência do jeitinho brasileiro pode impactar na imagem do país. Prova disso, foi a criação do personagem Zé Carioca pelos estúdios da Disney, famoso por usar a esperteza para obter vantagens de forma mais rápida. Dessa forma, mudar a fama pejorativa do jeitinho brasileiro construída no exterior é fundamental à figura da sociedade brasileira como nação.   Diante do exposto, medidas fazem-se urgentes para resolver esse impasse. Para tanto, seria viável que o Governo Federal, por meio de uma maior destinação dos impostos arrecadados com a Receita Federal, criasse aulas sobre normas de conduta dentro das escolas, através de cartilhas e palestras que discutissem as consequências que os atos ilícitos podem causar na vida pessoal e social de cada indivíduo, visando tornar as crianças futuros adultos mais conscientes, além de aumentar e melhorar a aplicabilidade das punições concedidas aos membros governamentais que também cometerem tais atos. Ademais, cabe ao Ministérios das Comunicações veicular propagandas que retratem os prejuízos causados pela transgressão de regras, nos intervalos dos programas mais assistidos, objetivando mudar a mentalidade da maioria dos brasileiros. Com isso, o Brasil irá evoluir de maneira mais humana e ética no cenário global.