Consoante o sociólogo francês, Émile Durkheim, fatos sociais são formas de agir e pensar que são impostos coercitivamente e que permeiam a mentalidade de uma sociedade. Entender a relevância dessa temática faz-se pertinente, uma vez que a persistência do racismo no Brasil revela a permanência de uma mentalidade social atrasada e a ineficácia das políticas governamentais que visam combater tal problema. A sociedade brasileira enfrenta uma significativa dicotomia. Apesar de contar com uma cultura extremamente rica e diversificada, oriunda de diversos processos imigratórios, o país ainda é assombrado por fantasmas do passado. Em virtude de seu Período Colonial, o Brasil conta com uma forte presença de afro-brasileiros em seu território. Todavia, ainda que séculos tenham se passado, o afro-descendente ainda é alvo de estereótipos e preconceitos disseminados pelos colonizadores. Pode-se citar, por exemplo, a demonização de religiões de matriz africana e a difusão de falas pejorativas em conversas informais, por meio de piadas e expressões. Tais como, "a coisa tá preta" ou "negro(a) de traços finos". Outro fator preocupante no que concerne a persistência do racismo no Brasil, é a ineficácia de políticas que visam o seu combate. Promulgada em 2003, a lei que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira na educação básica, ainda não é integralmente cumprida pelas escolas. Muitas instituições de ensino, amiúde, limitam-se a realizar atividades direcionadas ao tema apenas no dia destinado à consciência negra - celebrado em novembro - e não investem no aprofundamento do debate racial com os alunos, impedindo, dessa forma, a construção de uma mentalidade cultural plural. Destarte, objetivando o combate da persistência do problema exposto, o Ministério da Educação (MEC), deve garantir uma boa formação dos docentes do país, enfatizando, através de cursos de capacitação, a importância de se trabalhar tal temática em sala de aula desde a mais tenra idade. Haja vista que a escola é o principal núcleo educador do Estado. Outrossim, cabe ao MEC criar medidas que gerenciem de forma eficaz o cumprimento da lei sancionada em 2003, punindo, mediante a limitação de verbas, as escolas que não se adequarem a lei.