Enviada em: 07/04/2019

Em 1948 o pastor protestante Daniel François Malan, então primeiro-ministro da África do Sul, implementou um regime de segregação racial chamado apartheid. A nova legislação subdividia os habitantes em grupos raciais e cerceava os direitos da maioria dos habitantes negros pela minoria branca no poder. A abolição do regime só foi possível por meio de uma severa resistência. A oposição resultou na morte de dezenas de indivíduos negros e na prisão de Nelson Mandela, que mais tarde seria eleito o primeiro presidente negro do país. Entretanto, quase três décadas após o extermínio do sistema, observa-se ainda a persistência de ideologias racistas responsáveis pela perpetuação de uma segregação intrinsecamente racial.        Em uma primeira instância é preciso analisar o problema sob uma perspectiva quantitativa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os negros representam 53% da população do país. Contudo, este grupo apresenta índices de desemprego, analfabetismo e pobreza maiores que a média brasileira. Além disso, os afrodescendentes são minoria entre os representantes políticos e concluintes do ensino superior. Nesse sentido, observa-se que no contexto brasileiro, em que a história é marcada pela opressão étnica, o racismo se tornou um fator cultural de extrema prevalência.              Outrossim, a imposição da cultura eurocêntrica no processo de colonização do Brasil e a tardia abolição da escravatura foram fatores determinantes para a formação de uma ideologia exclusivista que se conserva até os dias atuais. De acordo com o Atlas da Violência de 2018, 71,5% dos brasileiros assassinados por ano são pretos ou pardos. A pesquisa também revela que os negros são as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil predominante da população prisional brasileira. Assim, percebe-se que a presença de estigmas e estereótipos contribui não somente para a marginalização do negro, mas também para ou aumento da letalidade dessa parcela da população.        Desta forma, torna-se imprescindível a adoção de políticas mediadoras a fim de contornar essa realidade. A intervenção do Estado em prol da garantia dos direitos assegurados pela Constituição Brasileira de 1988 se torna concebível a partir da vigência de sanções mais intransigentes para os praticantes do racismo. Ademais, é necessário que o Ministério da Educação (MEC) implemente políticas específicas que garantam uma educação de qualidade para pretos e pardos a fim de que o ciclo exclusivista possa ser desfeito. Somado a isto, cabe à mídia fomentar o interesse da população pelo tema por meio campanhas de conscientização e propagandas.