Enviada em: 28/08/2019

O racismo é uma saga social no Brasil. Mesmo após mais de um século de abolição da escravatura, a população negra ainda permanece, na maioria das vezes, longe dos espaços de prestígio. A relação de exclusão com base na cor da pele está presente no mercado de trabalho, nas universidades e no cotidiano. Compreender como o racismo opera no tecido social e como é possível superá-lo é confrontar uma ferida que marca o país.       Última nação ocidental a conceder liberdade aos escravos, com a Lei Áurea, de 1888, o Brasil buscou construir, desde então, uma autoimagem de território de respeito às diferenças e de convívio pacífico. A Lei Áurea, no entanto, foi conservadora em seu texto e não contou com qualquer ressarcimento ou política de inclusão para populações que ficaram tanto tempo afastadas da cidadania, do direito ao letramento e da liberdade de ir e vir. O resultado foi a perpetuação de uma violência social herdada do passado.       Se foi injustificável o descaso a que acabaram submetidos milhares de ex-escravizados, foi também persistente a luta deles pela liberdade plena. Uma luta que ecoou em seus descendentes e que hoje se traduz em batalha por representatividade e mais espaços de poder.        Os avanços na política de inclusão racial no Brasil, entretanto, ainda continuam pontuais e resultam de pressões da sociedade organizada. O país permanece sem uma política coordenada, ampla, que ultrapasse governos e atinja principalmente a educação com ações sistemáticas de conscientização em eventos e materiais didáticos. Só assim, ultrapassando ações pontuais, será possível minimizar de forma mais efetiva o abismo racial que ainda assola o país.