Enviada em: 10/03/2018

No final do século XIX, teorias racistas provenientes da Europa, as quais preconizavam a inferioridade da "raça" negra, ganharam força em âmbito científico e social brasileiro. No contexto atual, o racismo ainda vigente tem sua persistência embasada pela falta de políticas eficientes para o empoderamento da população negra e pela permanência do mito da democracia racial no país.              Inicialmente, é visível que a situação socioeconômica de boa parte dos cidadãos negros contribui para o vigor dessa hostilidade. Segundo dados do IBGE, 75% da população brasileira mais pobre é formada por pessoas negras, o que decorre de fatores como menor participação no ensino superior - em comparação com indivíduos brancos - e ocupação majoritária em empregos de baixa renda. Assim, devido à falta de políticas públicas que visem a atenuação desses problemas, tais cidadãos tendem a permanecer em desfavorecimento econômico e educacional, de modo a continuarem vulneráveis à exclusão social regida pelo racismo.               Ademais, a persistência do ideário da democracia racial brasileira também é um empecilho para o declínio da discriminação. Presente no livro "Casa-grande & Senzala", publicado em 1930 pelo sociólogo Gilberto Freyre, o termo apregoa o respeito às diferenças raciais e culturais como característica inata à população brasileira, marcada pela miscigenação. Tal conceito é, desde então, intensamente difundido pelos meios midiáticos como exaltação nacional perante outros países, de modo a camuflar a urgente necessidade de discussões mais profundas acerca do assunto pela sociedade.              Portanto, medidas devem ser tomadas para o combate a esse problema. Entre elas, está o maior investimento do Governo Federal em escolas públicas, onde a maioria dos estudantes negros se encontra, de modo a aumentar suas condições educacionais para o acesso ao ensino superior. Além disso, é válida a criação, pelo Ministério da Cultura, de campanha midiáticas que estimulem a sociedade a denunciar casos de racismo e a discutir mais acerca dessa violência, de modo a retirar a democracia racial da condição de mito e torná-la realidade.