Enviada em: 07/06/2019

Desde o Iluminismo, entende-se que os pilares da democracia possuem a liberdade e a igualdade como direitos fundamentais. No entanto, no Brasil, quando se observa a população em situação de rua, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática. Nesse sentido, torna-se clara a ineficiência do Estado em tomar medidas profiláticas, para que a população não chegue à condição de mendicância, bem como reintegrar quem chegou a essa condição.       Primeiramente, vale ressaltar que de acordo com o filósofo Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio social seja alcançado. De maneira análoga, é possível perceber que o início da vida nas ruas ocorre, também, devido à displicência do poder público, haja vista que, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, cerca de 30% dos moradores de rua chegaram nessa condição por falta de oportunidade de trabalho.       Outrossim, infelizmente, a probabilidade de se tornar um morador de rua é diretamente proporcional à formação acadêmica. Além disso, destaca-se o fato de que há um grande preconceito com relação às virtudes e índole dos moradores de rua, pois a maior parte da população os vê como sub-humanos. Entretanto, é necessário compreender que, por vezes, se trata de uma condição efêmera e que precisam de apoio para sair das ruas. De acordo com Pierre Bourdieu, sociólogo francês, o ser humano é o produto da interação social. Em paralelo a isso, percebe-se que a concepção de que os moradores de rua são sub-humanos é uma realidade social que deve ser desfeita, pois tal compreensão não deve ser absorvida pelas próximas gerações.       É necessário, portanto, que as escolas em consonância com o Estado atuem de maneira incisiva, com o intuito de mitigar o problema. Para que isso ocorra, o Ministério da Educação deve realizar campanhas nas escolas, por meio de palestras e atividades empíricas, com o intuito de ensinar aos jovens o porquê de haver tantos moradores de rua e, também, como ajudá-los, haja vista que a escola é a máquina socializadora do Estado. Além disso, compete ao Ministério do Trabalho o papel de estimular as empresas a contratarem moradores de rua, pois cerca de 60% deles já têm uma profissão, isso deve ser feito por meio de políticas nacionais que permitam uma isenção fiscal para as empresas que aderirem a essa ideia, a fim de minimizar a população de rua. Dessa forma, poderemos alçar a democracia brasileira ao patamar idealizado pelos iluministas.