Enviada em: 23/06/2019

Rua : para alguns, apenas uma via urbana pública. No entanto, para as pessoas em situação de rua, ela é moradia. O contexto de tal grupo no Brasil é uma questão que precisa ser debatida, visto que os moradores de rua passam por um processo de “desumanização” devido à sua condição de vida e sofrem uma série de violações silenciosas de direitos fundamentais. No poema “o bicho” de Manuel Bandeira, o eu lírico encontra um bicho misterioso e tenebroso comendo comida do lixo, depois percebe que o ser era, na realidade, um ser humano. Paralelo à realidade, muitos moradores de rua, como o personagem do poema de Bandeira, são vistos socialmente como seres estranhos ou às vezes nem são vistos, se tornam parte do cenário urbano, isto é, deixam de ser enxergados como seres humanos devido ao estado em que se encontram. Logo, os moradores de rua passam por um processo de desumanização devido à forma preconceituosa pela qual são vistos pela óptica social. Além disso, as pessoas em situação de rua passam por inúmeras violações de Direitos fundamentais. Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada pela ONU em 1948, alimentação, saúde e assistência social são direitos fundamentais que devem ser garantidos a qualquer ser humano. Contudo, a realidade dos moradores de rua não corresponde à beleza da declaração : passam fome, frio, muitos morrem devido à ausência de serviço médico e não tem nenhuma proteção social. E como são muitas vezes vistos de forma estigmatizada ou ignorados, essas violações acontecem em silêncio e acabam por não impactar a sociedade. Dessa maneira, o processo de desumanização permite uma série de violações da dignidade humana aconteça às pessoas em situação de rua sem que o meio social fique chocado devido ao status de “não-humanos” que essas pessoas ganham. Destarte, diante dos fatos supracitados, cabe às ONGs protetoras dos direitos humanos em parceria com o SUS e órgãos de assistência social como CRAs articular redes de atendimento personalizadas para moradores de rua, com o fito de garantir que direitos básicos sejam exercidos a fim de manter a dignidade dessas pessoas. Ademais, cabe à mídia promover campanhas publicitárias estimulando o respeito aos moradores de rua. Dessa maneira, preconceitos seriam quebrados e a sociedade olharia com mais empatia para as vidas das pessoas em situação de rua.