Enviada em: 07/07/2019

No livro "capitães de areia" do escritor brasileiro Jorge Amado, é retratado a vida de um grupo de menores que vivem em situação de rua, com péssimas condições de vida e que lutam diariamente para sobreviver. Fora da ficção, a realidade apresentada na obra é recorrente no Brasil, tendo em vista que, de acordo com o IPEA, existem mais de 100 mil moradores de rua no país. Nesse contexto, torna-se necessário debater os principais motivos pelo qual esse problema é recorrente na atualidade: negligência governamental e indiferença por parte do corpo social.       Em primeiro plano, vale ressaltar que existe um grande descaso governamental com essa parte da população. Segundo uma pesquisa realizada em 2008 pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, as principais razões por qual um indivíduo se encontra em situação de rua são, vício em álcool ou droga, ou desemprego. Apesar de existirem políticas públicas que tentam garantir o acesso a moradia a todos, como o programa "minha casa, minha vida", que oferece moradia a preços acessíveis para a camada mais pobre da população, medidas realmente efetivas, que garantem e inserção dessas pessoas na sociedade, não são tomadas.        Por conseguinte, é importante notar que, muitas vezes os moradores de rua são marginalizados e e acabam se tornando invisíveis para uma grande parte de população. De acordo com o  conceito de banalidade do mal da filosofa Hannah Arendt, se uma situação imprópria se repete constantemente, as pessoas param de encarar aquilo como errado. Logo, por ser tão comum ver pessoas em situação de rua, acaba se tornando banal, e ao ver esse cenário, as pessoas não sentem a necessidade de mudar aquela realidade.       Infere-se, portanto, que diminuir o número de pessoas em situação de rua é um grande desafio. O Governo Federal, mais especificamente o poder legislativo, deve agir em favor da população, investindo em políticas públicas, como construção de obras públicas para diminuir desemprego, qualificação de moradores de rua através de cursos e investimento no tratamento de dependentes químicos, a fim de garantir a convivência dessas pessoas na sociedade. Aliado a isso, é necessário que ONG's, juntamente com a população, conscientizar sobre a importância de lutar pelo bem estar dessa parcela da população, através de campanhas, palestras e debates, a fim de garantir a participação popular na resolução dessa problemática. Feito isso, a realidade apresentada no livro de Jorge Amado será apenas ficção.