Enviada em: 03/08/2019

O filme "Viver sem endereço" narra, com detalhes, a vida de dois moradores de rua e as dificuldades que enfrentam às margens da sociedade. No que tange a realidade brasileira, percebe-se que apesar de esse tipo de população apresentarem características heterogêneas, todos enfrentam uma mesma condição: a pobreza absoluta. Isso porque, a exclusão social é cada vez mais evidente, seja pela inércia do Estado perante ao sistema econômico vigente, seja por características da própria sociedade.   A princípio, é possível notar que as condições de moradia são diretamente relacionadas ao nível de renda. Na era capitalista, em que a lógica está baseada na propriedade privada, a distribuição de bens é determinada pela concorrência do mercado. Dessa forma, quem não dispõe de renda suficiente para conseguir moradia adequada e, sem alternativas, utiliza a rua como habitação. Dessa forma, apesar da ideia de Biopoder proposta pelo filósofo Michel Foucault, em que o governo tem a autoridade de controlar os problemas sociais, percebe-se que tal poder não é bem utilizado no que diz respeito à distribuição de renda e à realização de programas sociais que resolvam tal conjuntura. Nesse sentido, o desinteresse do Estado influencia diretamente no comportamento das pessoas, haja vista que os moradores de rua são tratados, ora com compaixão, ora com repressão, preconceito, e violência.   Por conseguinte, esses comportamentos são consequências do individualismo intrínseco no mundo atual. Consoante ao pensamento do sociólogo Émile Durkhein, a solidariedade orgânica, típica da sociedade pós-moderna, provocou o afastamento da consciência coletiva e o aumento dos interesses pessoais distintos. Com isso, percebe-se a notoriedade do enfraquecimento da solidariedade e da insensibilidade em relação ao sofrimento do próximo, o que, pelo contrário, expressa o incomodo das pessoas com a pobreza aparente nos centros urbanos. Dessa forma, ao invés de oferecer ajuda e tratá-los com dignidade, preferem escondê-los na tentativa de "embelezar" as cidades e manter a situação de conforto.    Diante do exposto, nota-se os inúmeros fatores que intensificam o contingente de moradores em condição de rua. Logo, na tentativa de erradicar essa situação, faz-se necessário que o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome aprimore as ações afirmativas, mediante a construção de abrigos populares e fornecimento de alimentos suficientes para o quantitativo de pessoas, com o objetivo de diminuir a fome e retirá-los do centros urbanos de maneira adequada e benéfica. Ademais, é importante que ONGs promovam a conscientização das pessoas, por meio de propagandas televisivas e campanhas de apoio à esse grupo marginalizado, no intuito de modificar o comportamento individualista e egoísta da sociedade.