Enviada em: 10/10/2017

Em uma das cenas mais célebres dos quadrinhos, Bruce Wayne presencia o assassinato dos seus pais cometido por criminosos. Indignado, o jovem rapaz torna-se um justiceiro e luta contra a criminalidade na cidade de Gotham. Fora dos gibis, a prática da justiça com a próprias mãos é uma realidade no Brasil, tornando necessário uma discussão mais ampla e a tomada de medidas que resolvam a questão.     A princípio, é preciso refletir sobre o atual cenário do sistema judiciário brasileiro. A demora em julgar os casos que lhes são encaminhados corrobora para que haja um descrédito por certa parcela da população. Por isso, a solução encontrada por muitos foi a criação de um júri popular. Os denominados ‘’justiceiros’’ assumem o papel da polícia e da justiça, caçando, sentenciando e penalizando os que comentem infrações. O  filósofo Jean-Paul Sartre afirmou que a violência, independente de como se ela se manisfestar, é sempre uma derrota. Dessa forma, fazer justiça com as próprias mãos configura-se como uma prática ilegal, uma vez que somente compete às autoridades constituídas aplicar medidas punitivas.      Outrossim, tomar decisões precipitadas pode gerar consequências drásticas. Vítima de boatos espalhados nas redes sociais, Fabiane Maria de Jesus, moradora de Guarujá, no litoral paulista, foi acusada de ser uma sequestradora de crianças que atuava na região. Linchada por centenas de pessoas enfurecidas, ela não teve sequer o direito de se defender, sendo levada, então, à morte. A atuação desses revoltosos foi uma prova incontestável de que fazer justiça por conta própria não é a maneira correta de resolver a questão.     Fica claro, portanto, que medidas são necessárias para resolver o impasse. É indispensável que a população fiscalize e reivindique dos governantes melhorias na área da segurança pública e no sistema judiciário. Acresce às medidas a necessidade dos usuários das redes sociais certificarem as informações que são compartilhadas, evitando, assim, os linchamentos.