Vigilantes da nação Desde que os seres humanos existem, houve a necessidade de formulação de princípios a serem seguidos por todos da comunidade. Essas regras pressupõem um controle mais efetivo do Estado sobre atos prejudiciais ao grupo social. Como a violência na sociedade brasileira atinge índices crescentes, eleva-se, ao mesmo tempo, a justiça pelas próprias mãos. Se as normas foram criadas justamente para conter o caos generalizado, o ato de justiceiro enfraquece o princípio básico sob o qual as leis foram organizadas, prejudicando a eficácia do judiciário. É fato que há problemas na atuação dos aparatos estatais brasileiros em efetivar as leis e punir os infratores. No entanto, ter um problema significa que o aparato necessita de ajustes e melhorias, mas não de extinção e liberação de métodos individuais ilegais de coerção. Desse modo, tornar-se um vigilante autônomo, além de ser crime, enfraquece a legitimidade de ação da justiça legal, que já não possui grande credibilidade e eficácia. Em "O Leviatã", o filósofo Thomas Hobbes explica que a criação de um poder central ocorre justamente para que a população não entre em um estado de guerra de todos contra todos. O Estado brasileiro, que possui eficácia social baixa, pode perder total controle sobre a harmonia da nação, caso a justiça com as próprias mãos continue crescendo entre a população. Consequentemente, uma guerra de todos os brasileiros contra todos pode se tornar realidade e levar à violência total e generalizada. Portanto, é necessário que o governo nacional melhore a eficácia de sua ação judicial, criando pequenos comitês municipais com representantes do povo, de modo a tomar consciência das ações que devem ser tomadas em cada lugar e qual a proporção dos problemas sofridos. Concomitante, a população precisa ser conscientizada, através de palestras anuais, de que sua ação autônoma de justiceiro pode criar um ambiente ainda mais violento e mais difícil de ser controlado judicialmente. Por consequência, o país tenderá a se tornar mais seguro e menos propício ao caos.