Enviada em: 14/10/2017

De volta ao cangaço      Diante das muitas falhas da segurança brasileira, o indivíduo que já sofreu algum tipo de violência, como furto, estupro, agressão ou morte familiar, sente-se no direito de fazer "justiça" com as próprias mãos. Justiça a qual se enquadra melhor na questão da vingança, que é um sentimento instintivo do ser humano ao se deparar com algo que fere seus princípios, agindo de acordo com a sua própria moral, sem seguir leis ou regras e desejando aliviar-se do sofrimento através dela.     Portanto, a prática da justiça com as próprias mãos é um ato de quebra da superioridade do estado, no qual o sujeito extingue o trabalho de órgãos de justiça, para aplicá-la segundo seus pensamentos. Isso faz com que a pena seja muito maior do que se fosse julgada por tais órgãos, uma vez que a vingança é "alimentada" por sentimentos de ódio fervorosos, diferentemente da neutralidade dos juízes, causando a morte, o espancamento e humilhação daqueles que, possivelmente, agiram por consequência de questões sociais, como o desemprego e a miséria, não justificáveis, mas compreensíveis.       No Brasil, tal prática é agravada tanto pela falta de segurança nas periferias das grandes cidades, tal qual a Zona Sul do Rio de Janeiro e as Zonas Leste e Norte de São Paulo, onde há inúmeros crimes que nem chegam a ser reconhecidos, como pela demora do Judiciário em atender aos inúmeros processos a ele requisitados, além da grande extensão territorial do país, a qual permite que em alguns lugares, como o interior das Regiões Nordeste e Norte, a cultura ainda seja a justiça pelas próprias mãos, assim como era na época dos cangaceiros.     Então, para reduzirem-se os atos de vingança, no Brasil, o governo deve investir na segurança não somente nos grandes centros, mas também nas grandes cidades, como em regiões interioranas, levando a esses locais mais postos de polícia e mais viaturas nas ruas, além de aumentar a fiscalização no centro-norte do país, área menor presença populacional, onde tal prática é mais recorrente, para que a população desses locais perceba a eficiência da justiça e não a queira fazer por conta própria. O Estado deve, também, melhorar o Sistema Judiciário, visando sua maior eficiência em julgar os processos, admitindo mais funcionários e aprimorando-o por meio de mecanismos via internet, a fim de que os cidadãos sintam confiança no órgão e reconheçam que as injustiças cometidas contra eles serão resolvidas.