Enviada em: 11/02/2018

No filme "O Justiceiro", um funcionário aposentado do FBI tem a família assassinada por ordens de um chefe do tráfico. Em seguida, esquematiza e põe em prática um plano de vingança para fazer justiça com as próprias mãos, visto que o sistema judiciário do seu país não pune ninguém pelo acontecido. Situações como essa são frequentes no Brasil, pois a violência cresce a cada dia e o sistema judiciário não consegue atender a necessidade de justiça da população. Tanto na vida real quanto no filme, a prática da justiça com as próprias mãos é ilegal e não resolve o problema, podendo inclusive acarretar em consequências trágicas para os indivíduos envolvidos.  Em primeiro lugar, é importante citar a deficiência no sistema judiciário brasileiro. Frequentemente ocorrem casos de demora no julgamento dos processos e uma parte da população desacredita na  possibilidade de justiça. Dessa forma, é instaurado o júri popular e realizada a justiça com as próprias mãos, na qual o cidadão aplica a punição considerada adequada ao malfeitor. Isso ocorreu no Acre, em fevereiro de 2017, quando uma adolescente assassinou o próprio pai, agressor sexual, pois não acreditava na existência de outra solução para o problema. Apesar de parecer um desfecho definitivo em situações como essa, a justiça com as próprias mãos não contribui para a ordem social e é uma prática ilegal, já que o ato punitivo compete somente às autoridades responsáveis.  Em segundo lugar, é necessário descrever a fragilidade no julgamento popular. Por diversas vezes não há confirmação de que o cidadão cometeu o ato por querer, e a punição consuma-se como "injustiça" com as próprias mãos. Isso aconteceu em fevereiro de 2011 quando um motorista de ônibus foi espancado até a morte, no estado de São Paulo, após ter um mal súbito e perder o controle da direção. Nessa situação os indivíduos envolvidos, mesmo não tendo sido punidos, acreditaram estar fazendo justiça conquanto tornavam-se homicidas, ilegítimos e injustos. Pode-se concluir que a justiça com as próprias mãos da população dificulta o trabalho do sistema judiciário e traz prejuízos a sociedade em geral.  Portanto, o retrocesso social acarretado pelos que procuram agir conforme suas próprias leis é inadmissível. Destarte, torna-se imprescindível que a população reivindique do Estado brasileiro e dos Poderes Executivo e Judiciário, respectivamente, melhorias na área da segurança pública e no sistema judiciário. Além disso, é necessário que a Secretaria de Comunicação Social invista em uma intervenção publicitária (folders, comerciais de televisão e telões nas avenidas) que vise orientar a população quanto à ilegalidade do ato e quanto à importância de verificar a veracidade das informações antes de agir.