Enviada em: 01/02/2018

O ato de aplicar punições por si próprio é motivado pela ideia de justiça social, execução sumária e, principalmente, vingança. Embora a justiça popular seja um crime aceito por um grande número de pessoas, tentar resolver a ineficiência do Poder Judiciário brasileiro com atos de brutalidade não é, nem de longe, justiça. Ainda assim, o elevado número de linchamentos no Brasil e o sensacionalismo da mídia contribuem para que a justiça com as próprias mãos seja cada vez mais recorrente em nossa sociedade.   No Brasil, uma simples desconfiança é capaz de levar alguém a ser linchado, sem sequer ter uma prova concreta do crime. Tratar uma violência com outra violência é um retrocesso da sociedade, visto que era isso o que acontecia nos primórdios da História, quando a Lei do Talião, “olho por olho e dente por dente”, era o procedimento legal diante dos crimes. São inúmeros os casos de pessoas que foram espancados até à morte - ou quase - em nosso país por uma mera suspeita ou semelhança e, que no fim das contas, não tinham realmente culpa, o que, desse forma, mostra o quanto essa “justiça” acaba sendo uma “injustiça” bestial.   Ademais, a mídia pode ser uma grande propagadora da violência popular. As reportagens sobre crimes tendem a deixar de lado o contexto social do delito, fazendo com que o criminoso seja visto como a origem da violência urbana e, assim, cria-se a ideia de que matá-lo é a solução mais eficaz para acabar com tal violência. Logo, quando o Estado não toma as devidas providências e os meios de difusão de informação contribuem para que a população não enxergue com clareza todo o quadro dos problemas da marginalidade, o cidadão é quem resolve tomar partido e, na agressão, encontrar sua forma de justiça.  Destarte, para tentar reduzir os índices da prática de justiça com as próprias mãos na sociedade brasileira, soluções se fazem necessárias. Educar as crianças é essencial, não só para a formação de um cidadão consciente, mas também a fim de evitar que a violência seja vista como uma maneira de acabar com outro ato de violência, partindo dos educadores nos colégios e dos responsáveis em casa, através do ensinamento de como há outros modos cabíveis para aplicar justiça e provendo bons exemplos. Além disso, cabe ao Estado dar mais atenção às áreas vulneráveis, as quais são os maiores focos de linchamentos, prevenindo assim que a justiça popular seja vista como tão necessária.