"O homem é o lobo do homem". Tal declaração proposta pelo filósofo inglês Thomas Hobbes, durante o século XVII, permite-nos refletir sobre como, mesmo sendo considerada crime, a justiça com as próprias mãos ainda é colocada em prática na sociedade e isso representa um desafio a ser enfrentado de forma mais organizada. Nesse contexto, há dois fatores que devem ser levados em consideração: as leis brandas e a descrença nas instituições democráticas. Em uma primeira análise, é preciso salientar que, de acordo com o artigo 345 do Código Penal brasileiro, fazer justiça com as próprias mãos é crime, no entanto, diversas pessoas ainda insistem em agir de acordo com o que lhes convém. Como por exemplo, no dia 09 de junho de 2017, dois homens torturaram um adolescente após uma acusação de furto. Casos como esse são comuns e ocorrem, entre outros fatores, devidos as leis que se mostram mais punitivas que educativas. Outro aspecto a ser analisado é a descrença da população nas instituições brasileiras no qual as situações de corrupção e instabilidade têm reduzido a legitimidade desses servidores o que faz com que as pessoas ajam de acordo com suas próprias razões. Tal situação nos leva ao contexto de Thomas Hobbes, para ele a natureza humana possui um instinto de autopreservação, sem um regime forte aconteceria a violência contra o próximo. Desse modo, como o Estado se mostra ineficaz, os "justiceiros", por insegurança, negligenciam o seu dever. A fim de amenizar essa problemática, portanto, é pertinente a atuação do Ministério da Justiça, juntamente com o Ministério da Educação, na fortificação e no cumprimento das leis e, ainda, estabelecer em espaços públicos, como praças, instruções para a população sobre a melhor maneira de agir em casos de situações em que ocorrem justiça com as próprias mãos, sendo o infrator punido de forma que aprenda com seus erros, em suma, a relação justiça-sociedade será solidificada. Dessa forma, espera-se que o homem deixe de ser seu próprio lobo.