Enviada em: 11/08/2019

Promulgada em 1988, a Constituição Federal garante a todos os indivíduos o direito à plena manifestação da liberdade de expressão e de pensamento. Entretanto, nota-se que, na prática, o abuso desse direito pelo jornalismo brasileiro provoca o surgimento de notícias com informações distorcidas e exageradas, o que pode resultar em graves prejuízos ao meio social. Assim, faz-se fundamental analisar as causas do sensacionalismo jornalístico no País, com destaque à parcialidade dos indivíduos formadores da mídia e ao caráter exploratório e lucrativo desse âmbito.      A priori, é válido reconhecer a ausência de neutralidade dos jornalistas quanto à divulgação de informações como uma das principais origens da problemática. Segundo o filósofo iluminista Immanuel Kant, uma ação só pode ser considerada válida quando traz benefícios à sociedade e pode ser praticada de forma universal. Nesse contexto, a transmissão de notícias adulteradas, obtidas a partir da violação à privacidade, vai de encontro à ética kantiana, dado que, caso todos os cidadãos agissem de forma parcial e desrespeitassem a intimidade alheia, a sociedade brasileira entraria em profundo desequilíbrio comportamental e organizacional. Dessa forma, nota-se o papel antiético e perturbador dos jornalistas que não tratam as informações de forma isenta no País.      Além disso, a ganância das corporações jornalísticas também pode ser apontada como causa no estudo da problemática. De acordo como o sociólogo contemporâneo Sérgio Buarque de Holanda, o comportamento dos brasileiros é orientado de modo que o seu aspecto emocional é favorecido em prejuízo da racionalidade. Nessa perspectiva, a presença de informações incompletas que resultem em situações de grande comoção popular figura como uma  possibilidade de o meio midiático adquirir mais lucros em detrimento da obtenção de conteúdos verídicos pela sociedade, visto que esses casos podem aumentar o acesso a determinados veículos jornalísticos. Desse modo, o deficiente uso da razão pela população brasileira dá margem à exploração e à lucratividade do âmbito midiático.      Fica evidente, portanto, que são necessárias medidas para amenizar o caráter sensacionalista do jornalismo nacional. Logo, é mister que o Estado e a sociedade civil coíbam a presença de informações parciais no meio midiático, mediante a adoção de investimentos na grade curricular da área que objetivem a formação profissional ética e imparcial quanto ao tratamento de conteúdos. Outrossim, o Poder Público, como instituição asseguradora da obtenção de informações verídicas, também deve atuar para desembaraçar a manipulação sofrida pela população tupiniquim, por meio de palestras e campanhas de conscientização que visem ao desenvolvimento da racionalidade e do pensamento crítico como forma de discernir as notícias exageradas das precisas.