Enviada em: 24/08/2019

O sensacionalismo midiático é uma ferramente histórica no Brasil, usada desde os primórdios do surgimento das mídias no país. Ademais, a imparcialidade e a objetividade nunca foram características imperantes no jornalismo nacional, muitas vezes raso e superficial, cujas grandes audiências são garantidas por meio da emotividade inerente ao sensacionalismo, oferecidas a uma sociedade alienada e extremamente crédula. Assim sendo, explicita-se que tal problemática não deriva somente de um desdobramento da modernidade, mas também da condenável cultura local de preconizar "a alma do negócio" em sua busca desenfreada por audiência, em detrimento de um desserviço a sociedade civil.       A função de um canal midiático e seus profissionais, os jornalistas e repórteres, é não só  de informar ao público uma determinada gama de informações, como também interpretá-las e traduzí-las, sem contudo perder a imparcialidade e a objetividade que esse ramo trabalhista inexoravelmente exige. Entretanto, no Brasil existe uma forte cultura embasada no sensacionalismo, muitas vezes sustentada pelo medo imposto pelas mídias aos cidadãos, exagerando informações e avultando detalhes, tudo em prol de manter a audiência de um público cativo constantemente amedrontado. Assim sendo, o resultado dessa cultura do medo, fomentada pela busca do controle dos indivíduos pelo jornalismo, é o acúmulo de poder pelos dirigentes desses canais midiáticos, e o consequente controle da sociedade, que torna-se refém desse pérfido sistema.       Cabe ressaltar, ainda, que esse panorama sensacionalista que impera no Brasil encontra aval, hoje, na modernidade e em suas relações cada vez mais voláteis e fragilizadas, tal como Sygmunt Bauman já conjecturara no passado em suas teses acerca da modernidade líquida. Nesse ínterim, explicita-se que o século XXI, tão assolado também pela lástima das fake news e das inverdades na internet, tornou-se o cenário ideal para o recrudescimento do sensacionalismo de forma generalizada nos meios de comunicação, já que a verdade, na atualidade, perdeu força e credibilidade frente a uma sociedade cada vez mais alienada e suas relações sociais liquefeitas. Dessa forma, evidencia-se que a conexão entre o homem e sua forma de relacionar-se embasam e sustentam essa nova realidade, que descaracteriza e secundariza as verdades, abrindo espaço para a vulgarização do jornalismo no país.       Em suma, pode-se concluir que tal cenário de extremo sensacionalismo midiático infere mudanças, partindo-se de uma coadunação entre o aparelho Estatal e os cidadãos, para que estes, a partir de um olhar mais crítico, fiscalizem e boicotem jornais que propagam esse tipo de notícias, e aqueles imponham pesadas sanções econômicas e jurídicas aos envolvidos em vulgarizações jornalisticas, a fim de que assim alcance-se o fim da alienação e sujeição da sociedade às grandes e hipócritas mídias.