Enviada em: 09/02/2018

Crianças e adolescentes estarem inseridos num ambiente familiar vai muito além de um direito seu, isso implica diretamente na sua construção social - pois insere desde cedo o mesmo num ambiente comunitário - e emocional, haja vista o preconceito que crianças órfãs sofrem.  Em primeiro plano, podemos analisar o fato do preconceito na hora da adoção onde menos da metade dos candidatos a serem pais adotivos aceitariam uma criança com traços étnicos afrodescentes. Isto é, mesmo num gesto que denota compaixão e amor com o próximo, podemos ver que os preconceitos, sobretudo o étnico, está enraizado na cultura brasileira. Podemos constatar tal preconceito ao ver que de todos os inscritos à candidatura para serem pais adotivos no Brasil, cerca de 1/4 destes aceitaram somente crianças brancas.  Outrossim, é fato notório que quanto mais velho seja uma criança ou adolescente, seja do gênero masculino, seja do feminino, menores serão as chances de adoção, isto se dá pelo fato da preferência dos candidatos à pais pelas crianças, preferencialmente os recém-nascidos, pois não teriam ainda uma história e poderiam ser inseridas com maior facilidade e aceitação no seio familiar. Muitas vezes isso também ocorre pela facilidade em esconder do próprio cidadão adotado o fato dele não ser filho biológico não apenas com receio que o mesmo possa se revoltar, mas ainda pelo medo que este procure sua família biológica e opte por abandonar a família adotiva.  Posto isto, é possível a aposta numa parceria público-privada para uma conscientização, através da mídia e de palestras com os candidatos à pais, de que tal gesto independe de etnia, idade ou gênero. Além de uma desburocratização de todo o sistema de adoção para que as crianças dispostas para adoção possam ser adotadas o mais rapidamente possível minimizando, assim, o trauma infanto-juvenil enquanto elas estão na idade mais procurada por quem quer adotar.