Enviada em: 31/03/2019

Na obra "O Quinze", Rachel de Queiroz retrata a emigração de Chico Bento e sua família, vítimas da seca de 1915, em busca de comida, de abrigo e de trabalho. Semelhantemente à dura trajetória dos retirantes do livro, na contemporaneidade, sentem-se muitos cidadãos na busca por melhores condições de vida no Brasil seja pelas guerras civis ou pela escassez de recursos, imigrantes estes que, muitas vezes, são alvos de Xenofobia por parte dos brasileiros. Esse quadro agrava-se, ora pela insuficiência das leis brasileiras, ora pelo pouco diálogo com os alunos nas escolas.      A priori, enfatiza-se como deturpados os procedimentos judiciais àqueles crimes já denunciados, uma vez que garantido por lei, enquadra-se como Xenofobia qualquer preconceito ou exclusão aos imigrantes, o que requer um julgamento aos indivíduos que ferirem tais condutas. Sob essa ótica, considera-se a posição do sociólogo Pierre Bodieu, o qual retrata a opressão simbólica ao afirmar que a violação dos Direitos Humanos não se faz presente unicamente nas agressões físicas, mas sim na perpetuação de diversos preconceitos. Logo, a morosidade das leis corrobora para que os imigrantes sofram a simbólica opressão descrita por Pierre, uma vez que os indivíduos ao verem tal lentidão judicial dão continuidade às discriminações com a certeza da impunidade.      A posteriori, salienta-se a ausência de ações persuasivas nas instituições de ensino acerca das variabilidades culturais, étnicas e linguísticas, visto que as escolas exercem forte influência na formação moral dos alunos. Nesse viés, Adélia Prado, em sua obra "O Coração Disparado", de maneira crítica, ressalta atitudes relevantes e cotidianas passadas despercebidas pela sociedade. Por conseguinte, fora da ficção, observa-se essa mazela no que tange ao esquecimento de discussões sobre a empatia e o respeito com os imigrantes, visto que as escolas participam da função de formar adultos conscientes e afastados do ato de Xenofobia e exclusão aos indivíduos de qualquer procedência regional.       Diante do exposto, urgem propostas sólidas que erradiquem todos os casos de Xenofobia contra àqueles cidadãos que buscam no Brasil uma nova capacidade de se reestruturarem. Em primeiro plano, cabe ao Ministério da Educação a criação de um aplicativo divulgado nas escolas pelos professores, a fim de agilizar e objetivar as denúncias contra qualquer preconceito à essas vítimas, com o fito de incentivar os adolescentes e os jovens a buscar a justiça e a igualdade de oportunidades seja qual for a procedência regional do indivíduo. Ademais, é papel da família a função de ser intercessora no processo de educação, com o estabelecimento de diálogos que visem o respeito e a empatia, para que se formem adultos sensibilizados quanto à questão da Xenofobia no Brasil. Dessa foma, os imigrantes não serão mais comparados aos personagens de "O Quinze" e alcançar-se-á um país mais acolhedor.