Enviada em: 25/09/2017

Vive-se em uma modernidade líquida - conceito do sociólogo Zygmunt Bauman - na qual até mesmo preocupações acerca do respeito e da vigência de comportamentos livres de preconceitos tornam-se secundárias em meio às contantes mutações e estímulos da vida social. Nesse âmbito, insere-se a emergência cada vez mais notável da xenofobia no Brasil, o que atesta a necessidade de medidas que visem a sua redução.                 Inicialmente, a maior propagação desse problema no contexto atual brasileiro pode resultar em graves consequências futuras. Nos últimos anos, houve o aumento da migração de outras culturas e etnias para o país, em boa parte provenientes do Oriente Médio, de onde grandes contingentes de indivíduos fogem das guerras civis em busca de melhores condições de vida. Sob essa conjuntura, o maior número de imigrantes em território nacional pode conduzir à elevação de sentimentos xenófobos em muitos brasileiros, os quais encontram amparo e maior integração entre si através de redes sociais. Como consequência disso, o risco de emergência de grupos xenófobos organizados já existentes - como os skinheads - e da criação de outros é eminente, o que pode acarretar em maior número de crimes de ódio, agressões morais e físicas e restrições à liberdade desses imigrantes.                 Apesar disso, pouco tem sido feito para evitar o pressuposto, principalmente em âmbito social. É comum a propagação ideológica da multiculturalidade do país, presente em manifestações artísticas nacionais, como na famosa "Aquarela do Brasil" de Ary Barroso, e corroborada ainda pelo fato de que grande número de indivíduos de nações africanas e europeias também compuseram a história nacional. Essa concepção arraigada e conotativa de respeito às diferenças, muito difundida para outros países do mundo como característica brasileira, dificulta uma abordagem social efetiva da xenofobia no país e a notificação midiática de crimes movidos por esse preconceito, o que corrobora para o pensamento coletivo de que a xenofobia inexiste ou é pouco presente no cenário nacional.                Portanto, medidas são necessárias para a resolução desse impasse. Entre elas está a criação, pelo Ministério da Justiça, de delegacias especializadas no atendimento de casos de xenofobia, expressa tanto fisicamente quanto virtualmente, de modo a aumentar o número de denúncias e de punições a esse preconceito. Ao mesmo tempo, cabe ao Ministério da Cultura a criação de campanhas midiáticas que difundam a real situação do problema no país e divulguem ideais anti-xenófobos, além de projetos que atuem em escolas e locais públicos, por meio de palestras com estrangeiros que contem suas experiências próprias com o assunto e contribuam para a maior conscientização social sobre ele.