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Enviada em: 10/10/2018

Darcy Ribeiro nos afirma que a sociedade brasileira possui uma corrupção inerente à sociedade, uma perversidade intrínseca que a permeia de discriminação e descaso. Essa realidade é constatada em massa quando em pleno século XXI há a luta pela equidade de direitos com relação às mulheres, que ainda são inferiorizadas em suas lutas, dentre elas a mais expressiva na atualidade, o aborto. Dessa forma, deve-se buscar cada vez mais a ruptura da influência religiosa desmedida no que concerne a opção da maioria das mulheres, bem como na conquista de direitos iguais aos homens, algo que, desde a colonização, sempre foi discriminada e marginalizada. Em primeiro plano, a mulher historicamente sempre foi tratada com inferioridade e suas questões, banalizada, haja visto que muitos direitos conquistados por elas são bastante recentes, como por exemplo o voto feminino, que adveio em época do governo de Vargas. Contudo ainda existem muitas diferenças como equidade de cargos nas empresas, contrastes salariais. A questão do aborto é, portanto, a cereja desse bolo da desigualdade, do impedimento, da sociedade patriarcal que sempre deseja ditar as regras para todos, inclusive para as mulheres. Entretanto, se a democracia se configura como “coisa do povo”, justo seria se elas mesmas pudessem intervir na escolha em caráter amplo e legal sobre tal assunto. Em outro plano, as Igrejas são grandes responsáveis pela não laicização da sociedade, e expande isso nos governos e suas normas. Desde a colonização, a influência da religião nos domina, e as bancadas cristãs, sustentam a não legalização do aborto com o argumento de defesa à vida. Contrapondo-se a tal evento, temos índices milionários acerca da interrupção da gestação em situações de risco, gerando perigo ampliado à vida da própria genitora e, como se não bastassem as condições anteriores a que se submeteu involuntariamente - como os casos de estupro que são maioria - deve proceder em caráter ilegal. Decerto, os movimentos populares apoiam a revisão da causa em favor das mulheres que tanto padecem por heranças totalitárias em prol de ideologias abusivas. Conclui-se, portanto, que a sociedade seja mais bem informada e instruída acerca de tal temática, inclusive para garantir a luta pelos direitos das mulheres. Com isso, o Ministério da Saúde deve informar dados de forma mais ampla e reconstruir o consciente coletivo para a questão do aborto por meio de distribuição de folders, promoção de palestras com profissionais da saúde, ginecologistas e obstetras, e integrar estes com os setores sociais, por meio de visitas a comunidades carentes, parcerias com ONGS que defendem tal causa, a fim de diminuir os abortos em condições precárias, e ampliar a luta pela conquista do direito da legalização do aborto frente ao poder público, e dar coro a voz popular que clama por equidade. Somente assim, poder-se-á romper com a máxima de Darcy Ribeiro, e interromper o fluxo natural da corrupção e discriminação inerente à sociedade brasileira no passar dos anos, desde a colonização.