Enviada em: 26/02/2018

Em 2004, Jandira Magdalena dos Santos Cruz foi morta após complicações de um aborto por membros da quadrilha de uma clínica clandestina. Jandira é reflexo de muitas vítimas do aborto ilegal no Brasil. É preciso analisar como a pressão da maternidade e como a questão da classe social provocam os casos de tal problemática.    A maternidade é tida, muitas vezes, como uma obrigação e quase como uma finalidade na vida de uma mulher. É comum estranharmos quando alguém diz não querer ter filhos. Entretanto, o quadro piora de situação quando a mulher já está grávida, pois isso é tido para muitos como assassinato, mesmo que seja comprovado que os métodos anticoncepcionais não são completamente eficazes. Em decorrência disso, diante de uma gravidez indesejada, a mulher não vê outra solução a tentar métodos perigosos como remédios abortivos ou clínicas que ainda por cima são clandestinas, sem nenhuma garantia, pondo em risco sua vida. Não é a toa, então, que, segundo a revista ISTOÉ, uma brasileira morre a cada 2 dias por complicações no aborto.    Atrelado a isso, é necessário salientar que quem mais sofre com isso são as mulheres pobres. Isso porque, em alguns locais, as clínicas mesmo que clandestinas são renomadas e especializadas, mas custam muito caro. Além disso, alguns países, como a Suíça, já legalizaram o procedimento, dando mais opções a quem realmente pode pagar. Com isso, vemos que é uma questão de saúde pública, e como diz o doutor Drauzio Varella "Proibir o aborto é punir quem não tem dinheiro".   Torna-se evidente, portanto, que medidas sejam tomadas em prol da vida dessas vítimas. Como medida paliativa, o Ministério da Saúde deve investir em métodos anticoncepcionais masculinos para diminuir o número de gravidezes indesejadas. Ademais, é preciso que a população lute para que o aborto seja legalizado. Sanada a ignorância, e com clínicas e profissionais aptos, mortes como a de Jandira e de outras muitas hão de ser diminuídas.