Enviada em: 11/03/2019

Com a carta de Pero Vaz de Caminha, a exploração e dominação europeia tiveram seu prelúdio nas terras tupiniquim. Nesse cenário, a omissão da Coroa portuguesa e a crença na superioridade europeia imperavam, logo, os indígenas foram escravizados e catequizados compulsoriamente durante séculos. Assim, conforme o enunciado newtoniano, para toda ação há uma reação, que neste caso foi a aculturação por destruição e extermínio de diversas etnias. Com efeito, evidencia-se a necessidade de discutir e problematizar a contemporânea questão indígena no Brasil, em face ao seu fúnebre passado.    Deve-se pontuar, de início, que segundo o dramaturgo Andre Mabraux, a cultura ajudou o homem a ser menos escravizado no decorrer da história. Nessa lógica, é notável que a aculturação dos povos nativos,realizada pela igreja católica com respaldo estatal, tenha resultado na fragilização de suas estruturas sociais, além de ter prejudicado a resistência frente ao colonizador. Quanto a essa questão, é inegável, no hodierno, o sentimento de não pertencimento nem a sua cultura de origem nem ao meio urbano na comunidade indígena.     Além disso, é válido ressaltar, que a exploração indígena tem origem colonial com o escambo, o qual consistia na troca de mercadorias portuguesas sem valor comercial por pedras preciosas e pau-brasil. Nesse contexto, é notória a raiz secular de violência e exploração para com os indígenas brasileiros, as quais atualmente tangem no conflito pela demarcação de terras indígenas. Esta problemática gira em torno do interesse dos agricultores a fim de expandirem suas terras, ao passo que os nativos buscam a demarcação de suas terras, e em áreas já demarcadas, o clamor é por assistência governamental.   Pode-se concluir, portanto, que a questão indígena no Brasil é secular e complexa, com sua origem em concepções eurocêntricas equivocadas. Nesse sentido, urge ao Estado um maior repasse de verbas para a FUNAI(Fundação Nacional do Índio), a fim acelerar o processo de demarcação de terras indígenas, por meio de pesquisas antropológicas confirmando a ancestralidade indígena,logo, o direito da terra. Outroassim, o MEC(Ministério da Educação)  também deve auxiliar nessa reparação histórica, através de inclusão no currículo escolar da história indígena tupiniquim, narrada por de uma pespectiva não colonizadora, com a finalidade de sensibilizar os jovens, evitando dessa forma a reincidência dos abusos anteriores para com essa minoritária comunidade. Dessa forma, poder-se-à mitigar os desdobramentos da carta de Pero Vaz de Caminha.