Na primeira fase da literatura romântica brasileira, a figura indígena era idealizada e representada heroicamente, conforme é visto em Peri e em seus atos destemidos, na obra "o Guarani" de José de Alencar. Todavia, nos dias atuais, o índio não é mais simbolizado dessa maneira, seja pelos interesses do agronegócio que vê os indígenas como uma ameaça ou pela população que não possui conhecimento sobre a relevância da cultura indígena, e com isso, faz desta alvo de indiferença e preconceito. Antes de tudo, é válido ressaltar que, segundo o artigo 231 da Constituição de 1988, os índios têm direito às terras nas quais vivem, utilizando-as para fins produtivos e necessários para a manutenção de seus costumes e tradições. Nesse sentido, percebe-se a necessidade da demarcação de terras indígenas que visa à preservação da cultura dessas etnias. Contudo, os interesses do agronegócio afetam, diretamente, a garantia desses territórios indígenas, visto que a grande maioria dos ruralistas não defende a demarcação de terras, por querer explorar as reservas indígenas. Desse modo, essa indiferença leva à perda da integridade dos indígenas, principalmente, quando seus territórios são invadidos pelos grandes fazendeiros que expulsam os índios de suas terras. Para além, nota-se o desprezo sofrido pela população indígena, causado pelo desconhecimento da história desses povos. Assim sendo, é notório que desde a época da colonização os nativos têm sua cultura incompreendida, uma vez que os portugueses, por meio das missões jesuíticas, tentaram moldar os indígenas segundo os princípios europeus, especialmente na doutrinação ao catolicismo. No entanto, essa incompreensão perdura até a atualidade, já que a cultura indígena continua ignorada e sendo alvo de preconceitos, sobretudo, por não seguir o padrão das sociedades globalizadas. Um exemplo, é o índio pataxó queimado vivo em Brasília, em 1997. Urge, portanto, a primordialidade que tais impasses sejam solucionados, a fim de garantir uma melhor qualidade de vida para a população indígena. Dessa forma, é imprescindível que o Governo Federal, junto com a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), desenvolvam um estudo completo do território atual das populações indígenas, com o propósito de demarcá-lo, dividindo-o entre as diferentes etnias, para a sobrevivência física e cultural desses povos. Ademais, é de suma importância que as escolas, nas salas de aula, passem a abordar a questão indígena, mostrando a diversidade, a cultura e a contribuição desses povos, por meio de aulas e palestras, aos alunos. Destarte, a integridade física e cultural dessas populações seria mantida, além do restante da população ter conhecimento da importância dos povos indígenas na cultura brasileira.