Enviada em: 01/05/2019

A primeira geração do movimento literário Romantismo ficou conhecida como nacional-indianista, pois retratava os índios como heróis nacionais cujas características eram endeusadas. Já fora dos livros, nos dias de hoje, embora os povos indígenas sejam cidadãos brasileiros, muitas vezes não são vistos como parte da nação. Isso se deve a uma visão preconceituosa que se tem deles, a um cenário de grande violência a que são expostos e que coloca, inclusive, o caráter democrático do país em risco. Logo, são necessárias mudanças educacionais e políticas que visem integrar e proteger essa parcela da população tão importante para o Brasil.       A princípio, é preciso frisar que a visão deturpada a respeito dos índios impede que sua importância seja enfatizada. Nesse contexto, baseadas em uma perspectiva desenvolvimentista, muitas pessoas enxergam os indígenas como preguiçosos, porque não geram retorno econômico para o país. Em relação a isso, é importante destacar que suas etnias são patrimônio cultural e histórico brasileiro, por isso têm valor imaterial. Além do mais, esses povos são peças-chave para o meio-ambiente, visto que as terras demarcadas são um limite para o desmatamento e, de acordo com a Funai, são responsáveis pela preservação de 30% de toda a biodiversidade do país. Percebe-se, então, a necessidade de uma mudança na educação para acabar com o preconceito e ressaltar o papel fundamental dos índios.       Por outro lado, é justamente por impedir o avanço do desmatamento que muitos indígenas perdem suas vidas. Desse modo, são travados conflitos por terra com fazendeiros, devido aos quais, segundo a plataforma Caci, responsável por monitorar a violência contra as etnias, foram registradas 1071 mortes de índios em 2017. Entretanto, esse número pode ser maior, pois essa parcela da população possui pouquíssima representação política, o que torna sua voz pouco ouvida. Essa falta de representatividade reflete o baixo número de políticas públicas direcionadas a eles e infringe o caráter democrático do país, uma vez que, de acordo com Marilena Chauí, democracia pressupõe igualdade, liberdade e participação de todos em qualquer esfera social, o que não é observado no caso dos índios.       Portanto, para restabelecer o perfil democrático do Brasil, são necessárias medidas como, por exemplo, a reforma da ementa escolar. O Ministério da Educação deve incluir o estudo das etnias indígenas e promover atividades lúdicas como teatros e palestras com integrantes de tribos. Isso aproximará os estudantes da realidade desses povos e quebrará preconceitos. Ademais, o Tribunal Superior Eleitoral deve incentivar a inclusão deles na política. Tal ação pode ser feita por meio de cotas para candidaturas de índios e distribuição de panfletos informativos nas tribos, chamando-os para a política, a fim de aumentar sua representatividade. Assim, eles serão, finalmente, cidadãos brasileiros.