Enviada em: 04/06/2019

De acordo com a mitologia guarani, certa vez, uma indígena ficou encantada ao ver a deusa da lua em um lago e a seguiu para cortejá-la. Porém, ao chegar lá, a humana se afogou e morreu. A divindade, entristecida, a transformou em flora, nomeando-a vitória-régia. Como o caso do nome dessa planta, símbolo nacional do Brasil, é inegável a importância cultural dos “primeiros brasileiros” no país. Entretanto, hoje em dia, suas sociedades estão tendo seus direitos ameaçados e povos assassinados, sem nenhuma visibilidade política.        Durante o período eleitoral, Jair Bolsonaro afirmou que se for eleito, “índio não vai ter nem um metro de terra”. E assim ganhou a eleição da presidência da república com 55% dos votos válidos. Seu vice, General Mourão, já tinha afirmado que o brasileiro “puxou”, hereditariamente, a indolência do indígena. Com isso, é notório que ter essa administração no poder -em que todos os membros, de certa forma, já mostraram afinidade a bancada do agronegócio- ameaça o artigo 231 da constituição de 1988. Pior ainda, ter 55% da população brasileira acreditando em tal ideologia, ameaça a existência, e consequentemente, resistência, dos povos nativos.     Em suma, tal artigo –como também a lei 225 do mesmo documento- defende a posse das terras indígenas e os recursos ambientais nelas como direito fundamentalista para garantir a subsistência dos povos. Concomitantemente, de acordo com o site politize, tais propriedades são o principal suporte do modo de vida de mais de 300 etnias. Porém, os representantes políticos do agronegócio, tal como a atual administração pública, tem tentado retrucar tais emendas constitucionais. E, muitas das vezes, como na fala do vice-presidente, tem caindo em premissas preconceituosas ou até mesmo em ações mais violentas para tal. Isso é manifestado no dado do Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário, no qual indica que 1071 indígenas foram brutalmente assassinados nos últimos 30 anos. Apesar de tal dado, entretanto, essas mortes foram parcialmente, ou completamente, neglicenciadas pelos tribunais e pelas câmaras enquanto crime de ódio.      Indubitavelmente, tal desamparo estatal, fruto de uma amaça pelo agronegócio, é uma ruptura dos direitos garantidos pela carta magna. Desta forma, para transformar tal cenário, se faz necessário a representação política desta minoria, para lutar contra a maré de preconceito que vem acompanhando a nova administração pública. Assim, isso pode acontecer com a obrigatoriedade de criar um Ministro para os assuntos indígenas. Desta forma, o representante dos povos nativo pode apontar quais são os reais problemas que eles sofrem e assim, finalmente começar ter alguma real visibilidade.