Enviada em: 18/07/2019

Em meio a corrente modernista, Mário de Andrade publicou sua célebre obra “Macunaíma”, retratando o personagem principal — um índio que leva o mesmo nome do livro — como alguém preguiçoso e sem nenhum tipo de cuidado. Hodiernamente, esse estereótipo destinado aos indígenas se mostra presente no Brasil, explicitando, desse modo, como o grupo minoritário ainda vive em meio aos preconceituosos moldes sociais. Dessarte, essa questão indígena relaciona-se amplamente com os valores enraizados na população e as repressões sofridas por essa comunidade ao longo da história.        Em primeiro plano, é mister salientar que, no Brasil, as opressões aturadas pelos indígenas tiveram início na chegada da esquadra portuguesa ao país, em 1500. Assim, uma série de conflitos envolvendo essa comunidade foi desencadeada e, muitas vezes, tidas como constitucionais. A exemplo disso, o príncipe regente Dom João VI promulgou uma Carta Régia em 1808 declarando guerra ao grupo dos “Botocudos”, gerando um massacre nos sertões do norte de Minas Gerais justificado pela “selvageria” dos pertencentes ao tronco. Nesse sentido, é evidenciado como os indígenas são reprimidos desde séculos atrás e, com isso, problemas sociais referentes a essa questão foram mantidos no Brasil contemporâneo, dificultando o bem-estar dessa minoria.       Por conseguinte, o pensamento social fez com que as características indígenas fossem moldadas, uma vez que o Governo sempre se mostrou contra o grupo e retratava os pertencentes como selvagens. Tal concepção aceita pela sociedade é, consoante a Émille Durkheim, denominada como “fato social”, uma informação colocada no subconsciente da população, que a aceita e faz com que ela se mantenha enraizada nos seus valores morais, mesmo que sem embasamento algum. Por conseguinte, os estereótipos destinados aos indígenas e as repressões que os mesmos vêm sofrendo se mantêm vivos no âmbito brasileiro.       Perante o pressuposto, urge que o Ministério da Educação, por meio da Base Nacional Comum Curricular, introduza imediatamente debates, palestras e atividades lúdicas no âmbito escolar, que visem explicar a importância do índio para a construção da história brasileira, além de procurarem expor como os estereótipos que estes sofrem são preconceitos enraizado na sociedade, e que, também, o respeito à etnia é fundamental para um convívio harmonioso. Somente dessa forma, o bem-estar da população indígena será alcançado, os preconceituosos moldes sociais serão gradativamente menores e representações como o índio Macunaíma se tornarão uma ficção nos conceitos sociais.