Enviada em: 11/08/2019

Sediada na França em 2019, a Copa do Mundo Feminina de Futebol tornou-se um marco ao ser transmitida, pela primeira vez, na televisão aberta brasileira. Ao longo de dois meses, o país acompanhou mulheres fortes e talentosas, das mais variadas nacionalidades, que mostraram seu potencial no campo para todo o planeta. Contudo, apesar desse avanço televisivo, a valorização do esporte feminino em terras tupiniquins ainda deixa a desejar, seja no suporte governamental, seja no apoio do setor privado. Assim, é lícito afirmar que no Brasil, a ineficiência estatal e a falta de interesse de grandes organizações empresariais, constituem-se empecilhos para o atletismo feminino.       Primeiramente, evidencia-se, por parte do Governo, a ausência de políticas públicas que incentivem e invistam em talentos femininos no esporte. Essa lógica é comprovada pelo papel meramente decorativo que o Ministério do Esporte possui na administração pública nacional. Idealizado para ser um órgão de estruturação de projetos para o esporte, tal ministério é passivo e não enxerga o investimento no esporte feminino como uma forma de valorização de mulheres talentosas e com potencial de dar orgulho ao Brasil. Com isso, o Estado atua como agente perpetuador da desigualdade no esporte. Logo, é substancial a mudança desse quadro.      Outrossim, é imperativo pontuar que o setor privado também é parte desvalorizadora das atletas femininas brasileiras, no que concerne a um patrocínio escasso e desproporcional, o contrário do que ocorre no atletismo masculino. Sob esse aspecto, é comum ver, entre esportistas homens, o apoio de grandes empresas, como bancos, marcas de vestuário, etc, fato que não ocorre com frequência em times de mulheres. Consequentemente, o esporte feminino sofre com o seu apagamento e a falta de recursos monetários essenciais para investimento em treinamento e acompanhamento médico e psicológico. Nota-se, desse modo, a necessidade de dar atenção publicitária de mulheres no esporte.       Infere-se, portanto, que o esporte feminino deve ser apoiado e valorizado no Brasil. Posto isso, o Ministério do Esporte deve, por meio de um amplo debate entre confederações esportivas, atletas femininas e Estado, elaborar um Plano Nacional de Estímulo ao Atletismo Feminino. Esse plano deverá, principalmente, definir o alocamento de recursos públicos na captação de talentos femininos, além de construir centros de treinamento de alto nível específicos para mulheres atletas, a fim de fazer com que o país torne-se referência no investimento de mulheres no esporte. Ademais, Empresas de grande porte, públicas e privadas, mediante a oferta de incentivos fiscais, devem ser estimuladas pelo Poder Executivo a aportarem investimentos publicitários em equipes femininas. Dessa forma, poderá haver, no Brasil, uma visibilidade do esporte feminino que não se limite à época de Copa do Mundo.