Enviada em: 27/05/2018

Buscando-se humanização       Na metade do século XX, a realização de partos, em hospitais, cresceram exponencialmente em virtude da garantia de saúde à gestante e ao recém-nascido. No entanto, os recorrentes casos de violência obstétrica exemplifica a existência de um paradoxo que é reforçado com a desumanização do parto diante da visão clínica do médico, bem como pelas vantagens que são corrompidas a partir do menosprezo do acompanhamento médico.          As vantagens que um hospital deveria fornecer são comprometidas a partir da violência para com a parturiente, no qual a ausência de determinados serviços reforçam esta problemática. Face ao exposto, vale destacar dados de uma pesquisa da revista Época, o qual afirma que mais de 70 porcento das mulheres brasileiras não receberam nenhum procedimento não medicamentoso para o alívio da dor, bem como 36 porcento constataram não ter recebido a anestesia corretamente, sujeitando-se ao sofrimento. Desta forma, evidencia-se que o hodierno contexto vai de encontro com os procedimentos que deveriam ser seguidos.         Outrossim, a desumanização do parto diante da "visão clínica" do médico é preponderante para a violência obstétrica a partir da desconsideração das necessidades da gestante. À vista disso, vale ressaltar uma pesquisa do grupo Parto do Princípio, que constatou que 25 porcento das mulheres já sofreram ofensas e humilhações durante o trabalho de parto. Além disso, a desumanização fica explícita quando se compara com o valor que grupos indígenas atribuem à situação da parturiente, o qual é sempre acompanhada do parceiro e de constantes orações a fim de tranquiliza-lá. Destarte, explicita-se que o primeiro contato da mãe com seu filho é desvalorizado com a presença da hostilidade.        Diante dos fatos mencionados, é notória a inevitabilidade de mudanças a fim de permitir que o parto esteja desvinculado da agressão. Para isso, cabe ao Governo Federal, representado pelo Ministério da Saúde, a criação de um programa que estabeleça o fim da violência obstétrica, com base em campanhas e palestras em hospitais e universidades, em cursos relacionados à saúde; como também uma fiscalização e punição, por parte do Conselho Federal de Medicina, em relação aos casos de hostilidade cometidos por médicos para com a parturiente. Com isso, tem-se a possibilidade de proporcionar a devida humanização que a situação exige.