Enviada em: 06/06/2018

Na cultura católica Maria foi a responsável por gerar o filho de Deus, criando uma visão de santidade frente a gestação de uma mulher. Entretanto, na atualidade, milhares de mulheres são vítimas de violência obstetrícia, acarretando em traumas e dores em um momento tão delicado. Assim, uma cultura patriarcal baseada no machismo e o despreparo de profissionais da área da saúde dificulta o parto das mulheres brasileiras.  A princípio, surge a discriminação de gênero que acaba por oprimir o sexo feminino nas diferentes relações sociais. Desse modo, muitas mulheres, especialmente as pertencentes as camadas mais marginalizadas da sociedade, tem seus direitos e garantias reprimidos devido ao seu sexo. Nesse meio, a violência obstetrícia se apresenta como uma das variadas formas de repressão ao feminino devido a posição de vulnerabilidade presenciada no momento do parto. Prova desse cenário preconceituoso é a música ``Mulheres de Atenas´´ de Chico Buarque que representa o meio vivenciado pelas mulheres desde a sociedade ateniense, expostas às vontades e agressões de seus maridos e membros da sociedade.  Nesse contexto, surge a falta de preparo de alguns profissionais na área da saúde em lidar de forma adequada com gestantes. O sociólogo Pierre de Bourdieu defendia a teoria do ``Habitus´´, segundo a qual os indivíduos enraízam situações as quais são expostos. Dessa forma, profissionais que são formados em um meio que busca o lucro excessivo e não valoriza o cuidado com o humano tendem a praticar essas atitudes em sua rotina, acarretando em obstetras que praticam violência contra grávidas para agilizar procedimentos sem respeitar a vida e a dignidade humana.  Portanto, é necessário diminuir os casos de violência contra gestantes. É fundamental que o Ministério da Saúde e o Conselho Regional de Medicina invistam na melhora da grade de aulas de cursos de formação médica, com aumento na carga horária de matérias como bioética, que visam construir profissionais mais humanos e qualificados. Também é fundamental que o Governo Nacional e as grandes mídias de televisão aberta criem propagandas e programas que busquem, com palestras e entrevistas com profissionais qualificados, estimular a diminuição do preconceito entre gêneros, melhorando a qualidade de vida de todas as mulheres. Assim, é possível criar um país mais democrático onde todos possam ter sua saúde garantida e respeitada.