Enviada em: 08/08/2018

É incontrovertível que, historicamente, as mulheres foram constante alvo de violência. Hodiernamente, tal violência alastra-se para diversos espectros da sociedade, dentre eles: o momento do parto. Dessa forma, uma experiência sensível e importante para muitas mulheres acaba tornando-se um episódio traumático, amplamente sustentado por deficiências governamentais e descaso do corpo médico nos hospitais brasileiros.        Primordialmente, convém destacar que a displicência do Estado com a problemática corroboram em seu agravamento. Segundo dados da UFSC, sabe-se que 1 em cada 4 mulheres já foi violentada durante o parto. Contudo, muitas vezes as vítimas não sabem como denunciar a violência experienciada além de nem mesmo identificarem que passaram por isso devido a ausência de uma legislação direcionada ao tema, o que contribui para um desconhecimento geral sobre o impasse e garante a impunidade dentro dos hospitais. Assim sendo, a problemática instala-se, gerando um quadro de traumas psicológicos nas parturientes e aparecimento de doenças como a depressão, que muitas vezes possuem danos irreparáveis.     Ademais, é válido ressaltar que a postura desrespeitosa adotada por médicos e enfermeiras contribuem amplamente para o cenário hodierno. À guisa do filósofo francês Jean Paul Sartre, "A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota". Dessarte, as práticas violentas dos hospitais brasileiros denotam a grande derrota dos sistemas de saúde - sejam eles públicos ou privados. O quadro de violência estende-se desde agressões físicas, assédio moral, negação de alívio para dor e até a prática da episiotomia, que consiste no corte do períneo para facilitar a saída do bebê. Tal prática é considerada desnecessária pela OMS porém vastamente realizada por médicos no Brasil. Nesse contexto, é comum que as parturientes tenham suas vidas sexuais prejudicadas, afetando sua autoestima e necessidades naturais.         Portanto, torna-se clarividente a necessidade de mudanças na conjuntura fatual. É impreterível que o Poder Legislativo em parceria com a ANS (Agência Nacional de Saúde) promovam a criação de uma legislação e políticas públicas favoráveis à saúde das parturientes. Por meio de tais medidas seria possível o conhecimento do corpo social sobre o assunto, além da possibilidade de denúncias online no site do CRM (Conselho Regional de Medicina) em relação aos médicos que praticaram a violência e que sofrerão punições de acordo com a legislação criada. Dessa forma, a impunidade vigente na conjuntura hodierna dos hospitais brasileiros seria resolvida a longo prazo e possíveis casos futuros evitados, para que, assim, as mulheres não sejam mais o alvo de constantes violências.