Enviada em: 29/07/2018

O corpo feminino há muito tempo é objetificado em decorrência das bases patriarcais da sociedade brasileira. Nesse aspecto, a violência à mulher tem dados alarmantes, se refletindo também na área obstétrica, uma vez que, segundo pesquisa da Época, cerca de 25% das gestantes sofreram violência durante o parto no Brasil. Não obstante, o atendimento médico foi normatizado, visando produtividade acima da saúde. Assim sendo, depreende-se que o machismo, somado a estandardização da saúde gera a violência obstétrica. Desse modo, são necessárias reflexões sobre o tema a fim de solucioná-lo.    Mormente, vale ressaltar que a objetificação do corpo feminino, decorrente do machismo, dá aquiescência à sua violação. Em consequência disso, procedimentos invasivos e desnecessários são realizados, muitas vezes sem consentimento da mãe. Como exemplos vemos a protocolização do uso de ocitocina sintética junto ao soro da parturiente e da episiotomia, procedimento que consiste no corte da área genital, ambos com finalidade de acelerar o nascimento. Não obstante, os profissionais da saúde por vezes demonstram descaso ou até mesmo hostilizam a paciente. Desse modo, depreende-se que o desrespeito à mulher leva à violência obstétrica, impedindo-a de se manifestar sobre os recursos usados na mesma.       Outrossim, a sistematização de uma área tão complexa, como a medicina, a tergiversa. Ou seja, a preferência pelo processo rápido em detrimento do natural, abre espaço para a violência obstétrica. Ademais, urge um fator agravante: a forma de remuneração, visto que esta se dá de acordo com o número de cirurgias. Desse modo, os médicos estimulam as pacientes a optarem por cesáreas a fim de obter uma receita maior. À vista disso, o número de cesáreas no Brasil corresponde a 57% dos partos de acordo com a UNICEF, contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que esse número seja de, no máximo, 15%. Portanto, é indubitável que a estandardização do atendimento médico resulta em episódios perniciosos à saúde materna.       Dessarte, diante do descaso com as parturientes, identifica-se a necessidade de alternativas. Desse modo, o Ministério da Saúde, em consonância com a mídia, deve incentivar as puérperas a pleitearem seus direitos, através de campanhas, palestras em postos de saúde e reportagens nos jornais. Analogamente, o Ministério da Educação deve exigir que a problemática seja levada às salas de aulas das faculdades de medicina e enfermagem, a fim de orientar os futuros profissionais sobre as práticas adequadas e garantir que a área clínica não permaneça inclemente. Não obstante, o Poder Legislativo deve dedicar-se à criação de leis que punam os agressores, a fim de proteger as mulheres desse mal. Somente através dessas medidas o atendimento médico seria, enfim, humanizado.