Foucault, sociólogo francês, descrevia as relações de poder presentes em nossa sociedade, sobretudo tratando-se das relações do oprimido com o opressor. Nesse contexto, insere-se a violência obstétrica que ocorre no Brasil. Esse processo tem causas sociais e traz consigo consequências graves às vítimas. Como resolver esse problema? Por um lado, há ausência de disciplinas que fomentem a humanização durante a formação dos profissionais da saúde. Assim, essas pessoas saem sem preparo para lidar com seres humanos. Ademais, tais estudantes também estão postos em situação de elevação social, aumentando ainda mais suas torres de marfim -termo usado para definir escritores parnasianos, esses que eram criticados por não estarem em ressonância com o tecido social. Fica claro, portanto, que essa opressão vigora de forma estrutural em nossa sociedade. Por outro lado, segundo o portal Estadão, uma a cada quatro parturientes sofreram violência obstétrica. Esse problema, que ocorre enquanto a parturiente se encontra em situação de vulnerabilidade, abrange não só ofensas verbais, mas também violações físicas, como a episiotomia ou injeção de estimulante de contrações. Esses procedimentos, quando desnecessários e sem um esclarecimento prévio, trazem consigo uma série de prejuízos para as mulheres: gera agravamento de quadros de depressão pós-parto e de problemas com a sexualidade, culminando inclusive em tentativas de suicídio. Isso evidencia uma urgência para a resolução desse quadro, afinal trata-se de saúde pública. Em suma, é necessário que se faça valer o parágrafo quinto de nossa constituição: nenhum cidadão deve ser exposto a situações humilhantes ou vexatórias. Para tanto, é necessário que os Ministérios da Educação e Saúde busquem educar os envolvidos. Isso ocorrerá com a inserção de disciplinas voltadas à empatia na grade curricular dos cursos de saúde; ao passo que haverá divulgação para as gestantes sobre seus direitos durante o parto. Somente assim, essa triste realidade brasileira poderá ser sanada.