Enviada em: 23/08/2018

Operando conforme a primeira Lei de Newton, a lei da Inércia, a qual afirma que um corpo tende a permanecer no seu movimento até que uma forca atue sobre ele mudando seu percurso. A violência obstétrica - aquela que acontece no momento da gestação -, de maneira análoga, está estagnada na sociedade brasileira. Com isso, ao invés de funcionar como a força suficiente capaz de mudar o percurso deste problema, da permanência para extinção, o sistema único de saúde e a indústria da Cesária contribuem com a situação.            Segundo dados a rede de mulheres Parto do Princípio, mais de 20% das mulheres sofrem, durante a gestação, alguma agressão ou ofensa. Isso porque, muitas vezes, estas negligencias ocorrem por parte da própria equipe do hospital. Em decorrência disso, é violado direitos das gestantes garantidos por lei, tais como, o direito a entrada de acompanhante durante o parto. Além disso, há médicos que fazem procedimentos que poderiam ser, muitas vezes, evitados, como a episiotomia - corte entre a vagina e o ânus - extremamente doloroso e de difícil cicatrização. Desse modo, o Sistema único de saúde contribui com a permanência da problemática em questão.            Ademais, a indústria da Cesária existente no Brasil contribui com a problemática. Isso decorre dos mitos predominantes no sistema de partos que fazem, consequentemente, muitas mulheres optarem pela "Cesária". Diante da falta de informações verídicas, grávidas, não conhecem os diversos riscos que este procedimento cirúrgico quando feito sem necessidade pode trazer ao bebe, tais como, o nascimento prematuro, dificuldades para mamar e doenças respiratórias. Por conseguinte, o diálogo entre médico e a mulher, é o fator principal no processo de tomada de decisão pelo tipo de parto. Consequentemente, hodiernamente, de acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), o Brasil é o país que mais realiza cesárias no mundo.            Torna-se evidente, portanto, a necessidade de um tomada de medidas que mude o percurso deste problema, da permanência para extinção. Em razão disso, o governo deve estabelecer, nas universidades da área de saúde – como enfermagem e medicina, cursos obrigatórios sobre moral e ética, a fim de diminuir negligências médicas. Além disso, como disse Michel Odent, obstetra francês, para mudar o mundo é preciso, antes, mudar a forma de nascimento. Assim sendo, o médico, como formador de opiniões, deve fornecer informações às mulheres, antes e durante a gestação, com fito acabar com o modelo violento que vende cesárias. Dessa forma, o percurso da violência obstétrica será mudado, da persistência para extinção.