Enviada em: 07/09/2018

Para o filósofo polonês Zygmunt Bauman, na sociedade pós-moderna que exerce uma lógica intensiva do capitalismo, os indivíduos conturbou o sentimento empático, causando em consequência, a diminuição afetiva das relações sociais. Analogamente, no Brasil percebe-se uma extensa margem de mulheres que são submetidas durante o seu período gestacional a ofensas de cunho físico, psicológico e institucional. Sendo assim, fere a integridade física e emocional da mulher, sendo que esta é assegurada mediante a lei.  Em primeiro lugar, ao analisar o cenário histórico e cultural dos partos, percebe-se que nos primórdios as mulheres realizavam o procedimento sozinhas tendo sua intimidade garantida. Porém, com o passar do tempo e dos estudos clínicos, além da própria necessidade político-econômica (garantia de exércitos e trabalhadores) a obstétricia vinha se formando como uma matéria médica e merecedora de atenção. Além disso, foi a partir dessas modernizações que o corpo da mulher, considerada frágil, foi sendo vítima de violências encobertas por proteção e cuidado. E ainda, a mulher é frequentemente ofendida, impedida de ter acompanhantes quando é garantido por lei e até mesmo sofrendo cesáreas sem necessidade clínica como recomendada pela OMS.   Ademais, têm-se procedimentos como a Manobra de Kristeller – que consiste em empurrar com força a parte superior do útero – e a episiotomia que é o corte do períneo ainda vem sendo utilizada mesmo sendo uma técnica proveniente de séculos. Vale destacar que o primeiro não tem comprovação científica e a segunda é indicada apenas para casos como o de rigidez do períneo ou parto pélvico, apenas 10 por cento para a Organização Mundial da Saúde, mas que segundo a Pesquisa Nacional de Demográfica e Saúde da Criança e da Mulher é realizada em porcentagem de 71,6 por cento. E ainda, a teoria do filósofo inglês John Stuart Mill, onde relata que o corpo e mente humano é soberano, mas não é posta em prática em hospitais e clínicas brasileiras.  Urge, portanto, que visando proteger a dignidade da mulher gestante com medidas públicas.É necessário que o Ministério da Saúde promova palestras para os integrantes do meio hospitalar para que forneçam um olhar mais empático e procedimentos que garantam de forma íntegra o bem-estar da mulher. Além de fornecer às instituições hospitalares infraestrutura adequada para o seu funcionamento pondo em consideração sua demanda. Além disso, o Ministério da Educação deve promover campanhas educacionais em escolas da rede pública sobre a importância do sentimento empático ao próximo na contemporaneidade, além do respeito ao corpo da mulher. Para que assim, o corpo feminino seja soberano dela mesma e a sociedade civil tenha empatia ao próximo.