Enviada em: 15/10/2018

No século XX, por questões econômicas, o parto perdeu seu caráter humanizado e natural para -servindo às intenções dos médicos da época - tornar-se uma intervenção cirúrgica e industrializada,  popularizando as cesáreas e fazendo eclodir, dessa forma, uma cultura de violência obstétrica. Consequentemente, na sociedade contemporânea, crescem as estatísticas de casos correlatos, que colocam o Poder Legislativo, a mídia e os órgãos sociais como ferramentas importantes para combater o problema.       Em primeiro lugar, a falta de respaldo dos órgãos de poder contribui para que o problema persista e torne-se recorrente. Apesar de existir o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento - que garante a toda gestante o direito a atendimento digno e de qualidade - não existe lei federal que tipifique como crime as condutas inadequadas que o desrespeitam ou puna os agressores, contribuindo, certamente, para o aumento no número de casos, que de acordo com dados do instituto Fiocruz, é de uma vítima para quatro gestantes.        Além disso, a ineficiência referencial e a cultura de massas atuam como veículo para a relativização da violência obstétrica. Considerando o objetivo que filmes e novelas possuem em retratar o cotidiano, por vezes, determinados fatos são distorcido e mascarados, transmitindo, consequentemente, informações equivocadas. Com isso, as cenas que representam o momento do parto, por exemplo, acabam por instrumentalizar e naturalizar os atos de violência, impedindo que as mulheres possam distinguir o que é normal do que está violando o seu corpo. Assim sendo, ações instrutivas se fazem necessárias.         Portanto, medidas devem ser tomadas. Ao Poder Legislativo, cabe criar uma lei que qualifique como crime os atos praticados contra a mulher durante a gestação e o parto, visando punir os agressores. À mídia - com seu potencial difusor - em conjunto com as ONG's de apoio às mulheres vítimas de violência, cabe transmitir informações como estatísticas e os atos que se enquadram dentro da violência obstétrica, visando informar a sociedade como um todo. Dessa forma, será possível, aos poucos, transgredir as barreiras de uma cultura criada no século passado.