Enviada em: 29/10/2018

Ao concluírem a graduação, os médicos fazem o ''Juramento de Hipócrates'', declarando respeitar a vida e sua dignidade. Entretanto, não é isso que têm-se observado quando a questão é a mulher e o atendimento dado no momento do parto. Nesse sentido, convém analisar os fatores a serem superados em relação à essa problemática.      Primeiramente, segundo o sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, vivemos uma época em que há artificialidade e liquidez entre as relações humanas, dessa forma, a lógica do imediatismo tem atingindo até a saúde. Exemplo disso, é o tratamento cada vez mais desumano oferecido pelos médicos, que pelo anseio em executar os procedimentos com rapidez, acabam desrespeitando o tempo da mulher. Para tal, chegam a aplicar ocitocina sintética (hormônio para aumentar contrações), cortam o períneo ou fazem cesária, sem necessidade, para ''otimizar'' o tempo de trabalho.         Contudo, apesar de atingir diariamente mulheres pelo Brasil, muitas não denunciam por não reconhecerem-se como alguém, cujos direitos foram violados. Sob esse viés, entende-se que a sociedade naturaliza as violentas ações supracitadas, deixando as mães sem autonomia de escolha na hora de tomar decisões que dizem respeito ao seu próprio corpo. Com isso, as dores do parto nem sempre são causadas só pelo nascimento do bebê, mas também pelas pessoas que teriam o papel de ajudar em um momento de medo e fragilidade.       Fica evidente, portanto, que a desumanização da relação médico e paciente, associados à desinformação são a principal causa da violência obstetrícia. Para combater essa situação, cabe ao Ministério da Saúde juntamente ao Conselho de Medicina elaborar cartilhas para serem distribuídas nos hospitais brasileiros, informando a existência desse tipo de violação contra a mulher e como identifica-lá. Dessa forma, o cenário tomará mais visibilidade, encorajando o aumento do número de denúncias. Ademais, cabem aos hospitais incentivarem uma medicina mais humana e punir aqueles médicos que ferirem o Juramento de Hipócrates.