Enviada em: 18/03/2019

No clássico filme "A mão que balança o berço" é contada a história de uma jovem mãe que,após sofrer abuso sexual de seu obstetra,decide denunciá-lo,e logo se torna vítima da vingança de sua esposa;lamentavelmente,um desumano crime que não é restrito a esfera fictícia,existindo também na realidade,sendo,geralmente,cometido por profissionais de saúde desprovidos de empatia e humanidade,a qual deveria ser inerente a profissão. De fato,um quadro que tende a agravar os desafios tidos em qualquer gravidez ,quando a violência obstétrica é vivida pela mãe em um momento tido como sagrado por muitos: a geração de uma nova vida.      Diante desse contexto,é oportuno lembrar que esse tipo de agressão tem se manifestado por inúmeros modos,como por intermédio de comentários maldosos e ofensivos feitos na sala de parto,o não atendimento de desejos no tocante ao parto,a negação da entrada de um acompanhante,ataques verbais,exames de toque maldosos,frequentes e desnecessários e,até mesmo,violência física para com a gestante,como por meio do uso de amarras,de acordo com o exposto no reconhecido documentário "O renascimento do parto ". Indubitavelmente,uma conjuntura destoante,nitidamente,do ideal defendido por Hipócrates,o pai da medicina,segundo o qual afirmava que deve-se ter o mais alto respeito pela vida humana,desde sua concepção,analogamente ao escrito no juramento que leva seu nome.       Outrossim,vale ressaltar que esse ocorrido em meio a chegada de um filho pode acarretar inúmeros problemas de cunho psicológico na futura mãe,tal qual a depressão pós parto,que,se não tratada,pode levar ao suicídio. Além disso,transtornos de ansiedade e até a aversão a maternidade,sintetizada por meio da "Síndrome da mãe tóxica", decorrentes da associação do trauma ao filho também são riscos consideráveis quando a gestante é exposta a cruel violência obstétrica,uma prática incabível na realidade brasileira,brutal e traiçoeira,a qual é realizada em um momento de vulnerabilidade materna e feminina,e que não deve continuar.            Portanto,cabe ao Ministério da Saúde,em parceria com o Ministério da Educação,a elaboração de uma solução para essa problemática. Para tanto,ambos devem efetuar a promoção de seminários informativos nas instituições de ensino em geral e cursos de medicina do País,acerca desse problema,apresentando depoimentos de vítimas e seus posteriores desdobramentos emocionais,visando a conscientização e sensibilização da sociedade em sua maior amplitude,sobretudo dos futuros profissionais de saúde. Ademais,o Ministério da Segurança Pública deve realizar a criação de uma ouvidoria online para a denuncia desses casos pelas vítimas,anonimamente ou não,objetivando identificar e punir os culpados,assim como alertar a Instituição hospitalar.