Enviada em: 23/03/2019

O insigne filósofo Platão elucida a dialética como eficaz instrumento para estabelecer a harmonia do corpo coletivo. À luz de tal eloquência e frente à perspectiva brasileira de violação dos direitos humanos por meio de partos desumanizados, nota-se os tabus que escravizam a sociedade nacional. Desse modo, a necessidade de reversão do persistente infortúnio exige vigorosa mobilização.   À vista disso, as condições dos procedimentos obstétricos no Brasil violam os direitos reprodutivos da mulher. Dentro da perspectiva abordada, insere-se o exemplar apoio afetivo e preparo natural dos partos realizados pelo ISEA, em Paraíba, no entanto, a realidade nacional em sua totalidade muito difere disso ao submeter frequentemente as parturientes a procedimentos não recomendados pela OMS e situações de desamparo material e emocional, além das consequências psíquicas e fisiológicas de tamanha negligência. Destarte, o documentário ''Violência obstétrica a voz das brasileiras'' comprova a problemática ao divulgar uma analogia entre as unidades de atendimento e um campo de concentração, feita por uma das inúmeras vítima de parto traumático no Brasil.   Outrossim, a falta de debates sociais acerca da reprodução humana ainda é um grande impasse à anômica violência obstetrícia no Brasil. Nessa ótica,  por ser considerada a relação entre sexo e gravidez, pouco é debatido sobre o parto, e isso o inclui em um estereótipo de fenômeno doloroso e estritamente biológico, de modo a viabilizar a consolidação de um processo mercantil e desumano de reprodução. Ademais, por não terem consciência de leis como a  Lei do Acompanhante, responsável por permitir uma companhia na sala de parto, e por desconhecerem mecanismos facilitadores do parto normal, muitas gravidas veem-se obrigadas a escolher entre recorrer a procedimentos vendidos, como as cesarianas, e submeter-se a condições arriscadas de parição. Dessa forma, a persistência da problemática revela a necessidade de combater a desinformação para desarticular o desequilíbrio do corpo coletivo que Durkheim convencionou chamar de anomia social.   Portanto, diante dos  aspectos relativos à violência obstetrícia no Brasil, é mister a mobilização do Governo como ator social. Para tanto cabe ao Ministério da Saúde elaborar um plano de ações nacionais voltadas para o combate da violência obstetrícia, pois ser atuante nas questões coletivas é garantir progresso nacional. Por fim, tal atuação deve efetivar-se por meio de palestras periódicas voltadas sobretudo para as mulheres grávidas, com o objetivo de alcançar a harmonia do corpo coletivo pela dialética, como proposto por Platão.