Enviada em: 04/09/2019

O filme "Juno" conta a história de uma adolescente que engravidou aos 16 anos e encontrou novos pais para adotarem seu filho. Fora das telas, no Brasil, uma gravidez precoce acarreta muitos problemas e não se resolve tão facilmente como no filme. Nesse contexto, tal questão decorre da inoperância estatal em relação ao tema, o qual não oferece uma educação sexual nas escolas, nem promove campanhas de conscientização direcionada aos jovens. Consequentemente, o assunto permanece um tabu e as implicações sociais advindas dele continuam existindo.       A princípio, é preciso traçar as consequências sociais e econômicas de uma gravidez na adolescência. Nesse sentido, quando uma menina engravida, é comum que ela interrompa os estudos. Por conseguinte, inicia-se um ciclo de pobreza, pois, sem escolaridade, as chances de inserção no mercado de trabalho diminuem, bem como a perspectiva de futuro dessa mãe. Logo, toda a estrutura econômica do país é afetada. A esse respeito, o filósofo Rousseau pontuou que a desigualdade tende a se acumular. Dessa maneira, famílias pobres e com pouca instrução terão filhos que crescerão nas mesmas condições com poucas chances de ascenderem socialmente. Diante disso, para quebrar esse ciclo, é imprescindível a atuação governamental.       Sob essa perspectiva, a informação é a medida mais eficaz no combate à gravidez precoce. No entanto, o Estado não oferece uma educação sexual nas escolas principalmente por razões ideológicas, acreditando que, ao falar de sexo, os adolescentes seriam incentivados à vida sexual. Somado a isso, convém salientar que existem poucas campanhas de conscientização fora das escolas, fato que também contribui para que os jovens não tenham informações sobre o assunto e não saibam as melhores formas de se proteger. Com efeito, ao desmistificar o tema e trata-lo como um assunto de saúde pública, o governo pode fazer os adolescentes ficarem cientes dos riscos de uma relação sexual desprotegida, e, então, diminuir os casos de gestações indesejadas.       Fica claro, portanto, que o governo tem papel fundamental na solução da problemática. Para exercê-lo, o Ministério da Educação deve incluir a disciplina de educação sexual nas escolas, por meio de reforma na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de modo a acrescentar aulas de biólogos com métodos didáticos condizentes a cada faixa etária, como teatros e rodas de discussão, a fim de fornecer informações sobre métodos contraceptivos e preparar a juventude para iniciar a vida sexual. Ademais, o Ministério da Saúde deve criar campanhas sobre o tema direcionadas aos jovens mediante cartazes colados em praças, com vistas a chamar atenção deles e induzi-los à mudança de comportamento. Assim, munidos de informação, adolescentes como Juno não enfrentarão uma gravidez precoce.