Enviada em: 19/05/2018

A situação hídrica brasileira passa por um dilema entre o desenvolvimento econômico e a conservação do meio ambiente, somado ao fato da população não se conscientizar sobre o uso racional da água. Sob tal ótica, é possível observar que fornecer esse bem para uma população crescente e com uma demanda maior de recursos é um desafio. Visto que, os cidadãos não buscam implementar medidas para redução do consumo, nem se mobilizam para exigir melhorias por parte dos políticos.       Em primeiro plano, os dados do relatório de 2018 da Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal) revelaram que 80% dos entrevistados não fizeram ações concretas para reduzir o consumo ou reaproveitar a água já utilizada. Além disso, 71% disseram não comunicar aos órgãos responsáveis os desperdícios observados. Assim, é válido perceber que mesmo com o racionamento da água, a ausência de preocupação com a mesma é visível. Desse modo, torna-se difícil acreditar na existência de um zelo com o bem por parte dos cidadãos nos dias atuais, sendo factível pensar numa mudança do quadro caso a situação se torne mais ameaçadora e implique em perdas mais palpáveis.       Em segundo plano, de acordo com o sociólogo Sérgio Abranches, os brasileiros estão apáticos com relação à mobilização política e cobrança de mudanças reais. Nessa perspectiva, observa-se uma lacuna quanto à eleição de candidatos comprometidos com a mudança no cenário do saneamento e conservação ambiental. Bem como, não se visualiza um número considerável de movimentos sociais atentos à conservação dos mananciais, redução do desperdício e iniciativas para reutilização sustentável. Assim, torna-se necessário que as pessoas acordem para o engajamento em dilemas ambientais pois os riscos hídricos e ambientais são incompatíveis com a apatia cidadã.       Portanto, são imprescindíveis mudanças por parte dos gestores municipais e estaduais, além da população civil. No tocante aos gestores, é oportuno propor a execução de políticas públicas que visem o reuso e tratamento da água urbana, bem como o manejo adequado das fontes e ecossistema no entorno. Para isso, podem ser realizadas parcerias entre os municípios e os estados, como maior repasse monetário para os municípios com melhores índices de saneamento e manejo hídrico. Bem como, os gestores municipais podem criar um programa de acumulação de pontos para as localidades mantenedoras de um baixo consumo hídrico, esse sistema poderia converter os créditos em cestas básicas ou cursos de capacitação oferecidos por universidades e escolas. Além disso, a população deve conscientizar-se que a escassez da água é causada em grande parte por ações humanas e deve adotar as ações dos períodos de racionamento do líquido para toda a vida.