A tela "Os Retirantes" do artista expressionista Cândido Portinari, retrata a busca por meio da migração por melhores condições de vida.O caos presente no quadro relaciona-se com a restrição hídrica do sertão nordestino brasileiro. Contudo, apesar das especificidades climáticas, hoje, oscilando entre crises mais ou menos graves a gestão da água ganhou novos contornos e precisa ser analisada a partir da administração pública, e também, no contexto sociocultural. Em primeiro plano, é fundamental desconstruir o argumento de que fatores climáticos são o alicerce da crise hídrica. Visto que o processo de urbanização associado a negligencia nos serviços de saneamento básico,manejo do lixo e esgoto, comprometeu fontes hídricas de várias cidades brasileiras. Um exemplo da precária gestão do recurso configurou na crise da cidade de São Paulo, em 2015, diante de reservatórios reduzidos, causados por baixas pluviométricas, não puderam recorrer a seus rios que encontram-se poluídos, assim, como outras baías e nascentes brasileiras. Desse modo, a semelhança entre "Os Retirantes" do sertão e outros brasileiros está na ineficiência da política de gestão da água, por vezes associada a corrupção, que ora deixa de construir poços artesiano ou reservatórios, e ora degrada as fontes de água. Cabe ressaltar, o impacto de hábitos e costumes de depredação da água no Brasil. Para o existencialista Sartre, a realidade humana não tem desculpas: somos responsáveis pelo mundo porque o elegemos. Analisando o pensamento e relacionando-o a realidade se percebe a necessidade de um olhar mais atento para cultura do desperdício em cenários cotidianos -lavar a calçada, omissão de vazamentos-. Portanto, o manejo da água requer novas perspectivas. É necessário que projetos, de organização civil de interesse público( ONGs,) utilizem ferramentas, como o Orçamento Participativo( fiscalização da prestação de contas dos municípios) para garantir que recursos financeiros sejam aplicados em infraestrutura e educação ambiental nas comunidades.