Enviada em: 05/06/2017

A gota d’água      A partir de meados do século XX, a sociedade mundial vem compartilhando problemas além de suas fronteiras. A crise hídrica, que persiste intrinsecamente associada a humanidade, superou todos os recordes anteriores. Percebe-se, assim, que essa possui sua origem em uma multiplicidade de fatores, sejam eles relacionados a aplicação das leis, sejam relativos à conduta do homem em relação ao meio ambiente.     É utópico pensar, que o país com maior quantidade de água doce do mundo sofre com constantes secas. Em 2015, a redução, quase total, do volume hídrico do sistema Cantareira- estado de São Paulo- expôs a realidade brasileira ao mundo, realçando a premência de atitudes para solucionar a problemática.    Outrossim, segundo o ex-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, não é a quantidade de água do planeta que está diminuindo, mas o potencial adequado ao consumo. Nesse contexto, aliado aos problemas infraestruturais das cidades, a população de baixa renda consome, cada vez mais, água de má qualidade, ou seja, insalubre para uso humano. Assim, doenças como a giardíase e a diarreia aumentaram paulatinamente, comprometendo não apenas o meio ambiente, mas também a saúde da população.    Todavia, é notório que a problemática está longe de ser resolvida. Para Saint-John Perse, a democracia, mais do que qualquer outro regime político, exige o exercício da autoridade. Seguindo essa linha de pensamento, a crise de água potável pode ser encaixada na teoria do sociólogo, já que, as leis vigentes são leves e não promovem a punição adequada à gravidade do problema. Desse modo, servem de salvo conduto para a ação de indústrias e latifundiários, que liberam inúmeros efluentes tóxicos e orgânicos nas águas, causando tanto a magnificação trófica, quanto a eutrofização.      É evidente, portanto, que medidas são necessárias para mitigar o impasse. O Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, deve atuar em consonância com a Anvisa e os prefeitos dos municípios, garantindo a concretização de obras de saneamento de água potável para toda população. Ademais, essa deve denunciar por meio de vias onlines ou ramais de telefonia, locais onde efluentes sejam descartados de modo ilegal. Por fim, o Legislativo deve criar leis que punam de forma mais severa as indústrias e latifundiários que liberem substâncias tóxicas e orgânicas na natureza, tornando essa tipologia um crime hediondo.