Enviada em: 12/06/2018

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, entre os séculos XVI e XXI, a exploração ambiental foi intrínseca ao desenvolvimento econômico do país, fato que gerou como consequência um intenso desmatamento das florestas nacionais. Nesse cenário, destaca-se, sobretudo, a situação crítica da Mata Atlântica, floresta mais devastada durante os cinco séculos. Para que o desaparecimento completo área não se torne uma realidade, a sociedade brasileira necessita mobilizar-se em dois grandes setores: sociocultural e legislativo. Deve-se pontuar, destarte, que o aparato estatal brasileiro é ineficiente no que tange à fiscalização do cumprimento das leis. Com relação à Mata Atlântica, a existência de resoluções legislativas possui mero caráter formal, de forma a cumprir acordos internacionais. Segundo o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da PUC-RS, apenas 30% do território nacional possui vigilância policial, o que abre espaço para crimes ambientais desenfreados sem consequências jurídicas. Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da prática de regulamentação, que pode ocorrer com um maior deslocamento de recursos para o policiamento ambiental, assim como a aquisição militar de aparelhos de vigilância modernos, como radares e helicópteros de última geração.  Outrossim, é preciso apontar o potencial da escola na formação sociocultural do que tange ao assunto. O processo de desmatamento é indubitavelmente conectado com a insuficiente e superficial educação ambiental proposta pelo país. Para o sociólogo Émile Durkheim, um fato social configura um conjunto de valores estabelecidos em uma sociedade que, dotado de exterioridade em relação ao indivíduo, norteia seu comportamento na conjuntura nacional. Por conseguinte, tanto o desmatamento como a consciência da necessidade de recuperação da Mata Atlântica podem estar imersos em um fato social. A escola, por meio de uma orientação completa, prática e teórica, pode tornar-se o fator de ressonância dessa recuperação, objetivando uma futura mudança de comportamentos individuais e culturais.  Entende-se, portanto, que o país possui alternativas educacionais e regulamentárias como alternativas de combate à problemática. A fim de concretizar as soluções, a União pode oferecer isenções fiscais às empresas que desenvolvam ou importem aparelhos de vigilância modernos para uso do Estado em parcerias público-privadas. Concomitantemente, o Ministério de Educação pode, juntamente a ONG’s ambientalistas, reformular o currículo escolar, completando a educação ambiental com aulas semanais fixas para todos os anos, palestras informativas com ambientalistas e práticas de reflorestamento dentro e fora da escola. Dessa forma, o combate desse fato social e do intenso desaparecimento da Mata Atlântica ocorrerá, no país, ao médio e longo prazo.