Enviada em: 14/08/2018

No filme “Um olhar do paraíso” é retratado a história do desaparecimento da jovem Susie através do seu próprio ponto de vista, já que ela foi assassinada pelo sequestrador e observava, em outro espectro, a preparação deste para um novo crime. Analogamente a obra, o drama de pessoas desaparecidas no Brasil é um problema maquilado e histórico que carece de maior visibilidade. Dessa forma, seja pela morosidade do Estado em solucionar os casos, seja pelo desinteresse da mídia em divulgá-los, evidencia-se a ineficiência da contenção dessas intempéries.        Primordialmente, convém referenciar o período de Regime Militar em virtude das diversas pessoas que sumiram misteriosamente, decorrentes da forte repressão do Estado vigente, sem ter seus corpos encontrados ou justificativas pertinentes. Nesse sentido, percebe-se o viés histórico da problemática e a irresponsabilidade do governo tupiniquim em aplicar políticas públicas eficazes para minimizar a ocorrência de desaparecimentos, demonstrando desqualificação em garantir os direitos básicos dos cidadãos. Assim, visto a incapacidade do Estado em conter o avanço da criminalidade, resta a população ficar à mercê de sequestros, enquanto clama por proteção.        À vista de tal preceito, a negligência da mídia corrobora para a acentuação dos casos de desaparecidos, uma vez que a falta de exposição dissemina a falsa sensação de segurança e torna a comunidade, despreparada, mais suscetível à ação dos criminosos. Nessa toada, o desinteresse midiático vai ao encontro da tese de Karl Marx que disserta acerca do sistema capitalista de exploração, pois, se não há lucro para a instituição, não há porquê de ser evidenciado. Por conseguinte, torna-se nítido a inescrupulosa ação da mídia, apática a situação da vítima e das famílias que buscam solução para o caso.       Infere-se, pois, que o drama dos desaparecidos é recorrente e uma barreira a ser superada. Para tanto, urge-se que o Poder Executivo, em parceria com o Ministério da Segurança Pública, priorize a fiscalização dos inquéritos relacionados a pessoas sumidas, disponibilizando um web-portal para denúncias e informações sobre o paradeiro das vítimas, agilizando, portanto, a morosidade dos casos e garantido o acesso do progresso da investigação pela a população. Cabe, ainda, a mídia televisiva que divulgue a periculosidade e recorrência dos sequestros, através da exposição em telenovelas e minisséries, de forma fomentar o resguardo da comunidade e diminuir o índice de desaparecidos. Apenas assim, poder-se-á acalentar os olhares das vítimas que observam do “paraíso”, propiciando segurança à nação.