Enviada em: 01/06/2018

Não é difícil imaginar esta cena: uma mulher, ao ser observada em casa com sua filha, é flagrada espancando uma cadelinha e a arremessando cruelmente contra a parede. Essa notícia – que retratou a vivência da enfermeira Camila Correia com seu animal de estimação em dezembro de 2011 – chocou o Brasil. Entretanto, essa atitude é mais comum do que parece, principalmente no país, em que a baixa fiscalização desses relatos somada ao desconhecimento de alguns sobre a senciência dos animais, desafia a sociedade na criação de estratégias que extingam os maus tratos a esses seres. Em primeiro lugar, é crucial analisar que apesar da existência de leis que visam à proteção dos animais, a efetivação delas nem sempre é a realidade. A exploração animal, por exemplo, por ser bastante lucrativa e historicamente aceita, é pouco considerada. Sobre esse ângulo, a existência de circos, zoológicos e vaquejadas, se deve principalmente à demanda de pessoas que procuram esse tipo de “entretenimento”, enxergando de forma banalizada essas atividades. Prova disso, é a recorrente falta de fiscalização do poder público que tem o dever de punir indivíduos que submetem animais a crueldade. É importante reconhecer, também, que esse é somente um, dentre vários fatores que dificultam a proteção da fauna. Ademais, o sentimento de superioridade do ser humano em relação aos outros animais provoca a falta de empatia, que dentre as consequências, trata os outros seres como “coisas” e perpetua a falsa sensação de banalidade da insensibilidade humana. Em contrapartida, a PL de 2015 mudou a natureza jurídica dos animais, que passaram a ser reconhecidos como seres vivos capazes de sentir. Essas medidas, ainda que tardias, já ajudaram na caminhada para a diminuição do problema, mas é imprescindível elaborar outras que guie o comportamento da sociedade. Torna-se evidente, portanto, que a hierarquia de valores dos cidadãos sobre os animais, vai muito além do que seria considerado aceitável, precisando, com urgência, tomar providências de transformação. O MEC, junto com as escolas, deve elaborar palestras e oficinas de humanização, trabalhando o pensamento de respeito e altruísmo pelos animais, para que o tecido social futuro se desprenda de certos ideais de superioridade. As ONGs, por sua vez, podem atuar na retirada dos animais de rua e incentivar a adoção responsável, através de campanhas e fiscalização. Só assim, que nenhuma “Carolina Correia” será vista no futuro maltratando os animais.