Enviada em: 31/07/2018

No desenho animado “Coragem, o cão covarde”, “Coragem”, animal exibido como personagem principal, sofre constantemente agressões físicas e verbais de seu dono “Eustácio”, que o denomina como “cachorro idiota”. Nesse contexto, percebe-se que o programa infantil demonstra episódios de maus tratos aos animais, o que é um problema recorrente na sociedade brasileira, seja pela questão do número de “animais de rua” no país, seja pelo conflito entre cultura e bem-estar desses bichos. Destarte, é conveniente a análise dos principais entraves e soluções que englobam tal vertente.  Em primeiro lugar, é importante salientar a questão dos costumes tradicionais como justificativa para utilização de animais em eventos. Para ilustrar, nota-se a recente legalização da “vaquejada”, atividade em que duas pessoas montadas a cavalo têm de derrubar um bovino por entretenimento. Por conta desses atos serem justificados como “práticas culturais”, há de se considerar a discussão no âmbito judiciário, pois é fundamental que seja garantida a segurança de tais animais para que o “espetáculo” não venha a se tornar abusivo. Todavia, com o constante aparecimento de “rinhas de galo”, que são proibidas no país, em diversas cidades ao interior do Brasil, questiona-se a eficácia do Estado no que tange a fiscalização das leis que convergem ao tópico.  Outrossim, segundo o portal de notícias “G1”, o país possui o quarto maior índice de “animais de rua” do mundo. Tal fato é preocupante, pois, por não possuírem a devida proteção, eles ficam expostos à violência e maus tratos, como ocorreu no recente caso em que um prefeito de um município mandou matar mais de 30 animais, de forma ilícita, que se encontravam desabrigados. Logo, com situações como essas, percebe-se não somente o declínio da sociedade como civilização, mas também sua aproximação do adjetivo pejorativo “animal”, que descreve adequadamente pessoas como o Eustácio.   Dado o exposto, é mister que a sociedade se mobilize por meio de Organizações Não Governamentais que promovam a melhoria na condição dos “animais de rua”, a partir da criação de campanhas de adoção e vacinação, para que tais bichos recebam o devido tratamento. Além disso, o Poder Judiciário deve fiscalizar a aplicação das leis, por intermédio do mapeamento das áreas com maior número de denúncias, com intuito de proporcionar um maior rigor em relação ao cumprimento da legislação e a diminuição de casos de maus tratos aos animais no país. Com isso, o combate à tais ocorrências será mais eficiente e, por conseguinte, o futuro dos animais será mais próspero.