Enviada em: 01/08/2018

"Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu [...]". No Brasil contemporâneo, torna-se quase que inviável a discussão sobre violência contra animais, tendo em vista, e não somente isto, as músicas infantis. Tais músicas acabam se tornando um tanto quanto normais por conseguinte a um contexto decorrido no século XVI, isso é, o processo de colonização e aculturação do Brasil que fora conduzido pelo povo que transitara o Renascimento Cultural e, por consequência, apresentavam um alto teor de antropocentrismo, em suma, o homem, precipuamente o europeu, como pilar central de toda a natureza.       É sabido à maioria dos civis brasileiros que durante o processo de colonização do Brasil, os habitantes que aqui viviam foram submetidos, de forma cruel, à aculturação portuguesa. Essa transformação no estilo de vida desses habitantes fora tão marcada pela impostação e agressividade europeia que mesmo nos dias hodiernos observa-se o antropocentrismo enraizado na cultura brasileira, onde influenciar as mais tenras idades com cantigas que fazem apologia, indiretamente, aos maus tratos aos animais, torna-se natural.       Em oposição à visão antropocentrista vigente, encontra-se o filósofo francês Michel de Montaigne. Tomando como norte a máxima, escrita em um de seus ensaios, desse filósofo "[...] quando brinco com minha gata, quem sabe ela se distrai comigo mais do que eu com ela.", é possível entender e julgar esse trecho como um crítica severa ao antropocentrismo, colocando um animal como o ator principal de um enredo, e não apenas um mero coadjuvante de uma trama, nesse caso, a existência.            No Brasil hodierno antropocêntrico vigora a Lei de nº 4.564, de 2016, onde pune o indivíduo que comete qualquer ato de maus tratos aos animais com uma pena de 3 meses a 1 ano de detenção e multa. Tal medida está tendo, até o atual momento, resultados positivos, pois ao comparado ao ano anterior da vigência da Lei supracitada, caiu, em números absolutos, cerca de 400 casos de violência física aos animais.       É possível, portanto, afirmar que no Brasil ainda há raízes muito fortes de maus tratos animais, porém o país encontra-se numa crescente ao combate dos maus tratos aos animais. A fim de cortar o mal pela raiz, o Estado deverá promover políticas de conscientização gratuitas para toda a população, financiando, através de subsídios, ONGs de proteção aos animais, como a Associação Natureza em Forma, ou simplesmente ajudando na divulgação de ONGs sem fins lucrativos, como a Ampara; fortalecer a Lei 4.564, de 2016, aumentando a pena, para que gere na sociedade o medo saudável, o medo de agir incorretamente, o temor ao maltratar e abandonar os animais.